Ziggy Marley na Lapa e o Brigadeiro – Chapa?!

Então tudo começa assim, nos preparativos, afinal é o show do filho do Rei e a noite promete. Adão conta mentalmente os camaradas que farão a companhia pra marola: Um vindo de Aracajú e o outro do interior, com ele são três. Tudo maconheirão que gosta pouco da ganja, “pra não dizer ao contrário”. Para os que não puderam ir, Adão avisou que, se dependesse dele, a fumaça ia sair pela televisão, já que o show seria transmitido ao vivo. Bola um, dois, três… Opa! Melhor bolar mais um que é pra garantir e depois não reclamar de que ficou faltando o último beck. Tudo no talento que é pra ficar certinho do tamanho do zip lock pra não amassar e representar na noite.

Pronto, tudo foi bem malocado e conseguiram entrar sem transtorno algum. Com Adão já cascudo, foi moleza passar pela revista da segurança na portaria. Dentro do show o cheiro já era marcante, um milhão de baseados por metro quadrado e só faltava mesmo nós três. Então fogo na bomba! Mal o primeiro havia chegado à metade e o segundo já estava aceso. A pausa era somente de uma pessoa por passada e mal dava tempo de respirar ar puro que lá vinha mais uma bola. Ufa… dar um tempo e curtir o show com a cabeça feita. Moby Dick maluco! A mente já estava feita fazia tempo. Três viajandão!!! Ao som de Ziggy Marley.

Vamos que vamos que o reggae tá rolando. O tempo no beck durou até o amigo fazer o típico gesto de ascende mais um aí bacana. Pequena pausa na apresentação, aquela típica de artista que finge que vai acabar, mas volta pra alegria da galera e desta vez com músicas do repertório do seu pai Bob Marley. Nossa! Adão estava em outro planeta. Conseguia dançar com o Rei, ou pelo menos com seu gene ainda vivo no planeta terra.

Fim de show. Está cedo ainda. A boca está seca e com a larica pedindo pra ser saciada. É terça-feira e pra quem conhece a Lapa carioca sabe que não é tão atrativa assim, mas tem movimento, tem bar, tem petisco e também tem podrão, é lógico. Desce o chopp que é pra brindar a noite de Adão com os Brothers. Altas ideias, muita risada… desce o cardápio. Pedido na mesa e a pala de maconheiro comendo como se fosse o último pão com carne do mundo. Tal pala é interrompida pela moça estilosa com uma cesta na mão:

— Oi! Me dão licença. Boa noite. Querem brigadeiro?
Adão toma a frente e diz:
— Não meu bem, obrigado.
— Mas tem brigadebriza.
— Tem o quê?!
— Brigadebriza.
E Adão exclama e pergunta:
— Mentira!!! É isso mesmo que estou pensando?

A moça percebe que ganhou a atenção dos três e com a voz mais baixa explica que os verdes são brigadebriza e os brancos são os brigadeiros normais. Mas Adão safo na teoria do preparo pergunta:

— É de prensado?
— Não, não. É de um verdinho lá do Sul. Eu mesmo preparo. Faço no banho Maria que é pra não perder THC.

Os Brothers ainda desacreditados resolvem pagar pra ver. Compra feita e enquanto Adão e os amigos acabavam a refeição para depois experimentar o brigadeiro boladão, a moça com olho clínico para não oferecer a iguaria para pessoas erradas, segue o seu caminho em busca de mais alguns maconheiros dando pala pra ela acertar na venda.

Terminado o prato principal, os três resolvem degustar a iguaria. Primeira mordida e a primeira risada. Não pelo barato que só viria minutos depois, mas pelo gosto. Aquele gosto de ganja de primeira qualidade era tão bom que a risada tomou conta da mesa. Vários palavrões em forma de elogios. Adão estava em êxtase quando veio a frase:

— Foram os cinco reais mais bem pagos da minha vida!

Conta paga e a pergunta: “cadê a moça com a cesta de brigadeiros?”. Os três começam então a insana busca pela moça que brindou a noite dos doidões com tal disparate culinário. Sem sucesso, ela sumiu! Adão sorri e agradece a vibe… foi show de bola! Ainda bem que tinha testemunhas, se não ninguém ia acreditar nessa história!