Um Problema Criado pelo Preconceito!

Tenho 22 anos e fumo maconha desde meus 16 anos. Minha adolescência foi bem complicada, sofri um acidente meio “diferente” com minha mãe aos 11 anos que nos tornou bastante unidas, mas me tornou bem diferente das outras meninas da minha idade. Desde os 12 comecei a ir mal na escola, queria saber de skate, bagunça, rock e o que viesse que ocupasse minha cabeça. Aos 14 me via bebendo após as aulas e me destruindo. Me tornei a ovelha negra da família fácil.

Aos 16 experimentei maconha, por conta própria, sozinha, achei que eu fosse ficar loucona mas não. Foi a primeira vez que não pensei nos meus problemas e nas minhas diferenças. Claro que no começo eu fiz muita merda porque achava que seria só ficar muito chapada assim como quando eu bebia, mas não me envolvi com outras drogas. Aos 17 já fazia Direito, trabalhava e sempre andava na linha para não decepcionar minha mãe que nos criava sozinha. Larguei o direito aos 19 e comecei a fazer medicina, mas antes passei por um período no cursinho. Mas a erva sempre lá me acalmando, praticamente todos os dias, confesso que me tornei uma pessoa melhor, minhas ações melhoraram, me tornei mais tolerante.

Quando consegui passar fui para outra cidade morar só, e a vida era outra… festas, conhecendo amigos que também fumavam (bem diferente da minha cidade natal onde quem fuma é considerado da malandragem ou coisa assim) mas junto com o bem bom vieram as responsabilidades e o pensamento vou dar o melhor de mim para poder fumar o quanto quiser e nesses 3 anos de faculdade não tive nenhuma reprovação e nem passar perto disso… e olha que fumo todo dia.

Pois bem…. agora que vocês conhecem mais ou menos minha historia, vou contar a bad. Começou tudo semestre passado, a dona do prédio onde eu moro ligou para minha mãe e disse que eu fumava muita maconha, andava com marginal (odeio julgamentos precipitados) e não tinha postura de médica. Minha mãe surtou, ameaçou me tirar da faculdade e ao fazer isso perdi totalmente a vontade de contar a verdade, menti tudo então. Entrei de férias e fui ficar na casa dela como de costume, e não foi fácil a convivência, o tempo todo o atrito no ar, fora os julgamentos dos meus irmãos quanto ao meu estilo de vestir, andar, o que eu ouço e com quem eu ando.

Voltei para casa, fim de férias e minha mãe me ligando o tempo todo para saber o que eu fiz e deixei de fazer… ontem enquanto arrumava meu apê ela me chega de surpresa para verificar o que eu estava fazendo. Ai eu não me segurei, tentei falar mas ela só me julga e fala o que viu na Globo e que eu não devo me relacionar com minha amiga porque ela também fuma maconha.

Gritar com minha mãe é difícil para mim, eu amo essa mulher mais que tudo na vida, e ela ficar me jugando assim não faz sentido, tá bom que eu sempre fui meio complicada, mas sempre agi certo! Meu pai interferiu e conseguiu conversar comigo, perguntou se quero psiquiatra para sair disso porque ele sabe que é consequência do “acidente” do meu passado e eu não quero enfrentar um psiquiatra que vai me receitar mil remédios que terão o mesmo efeito da maconha só que com mais efeitos colaterais fora a dependência.

Mas a coisa que mais me magoou foi uma TV que tenho, dessas novas, deixei na casa da minha amiga porque ver TV lá e ficar chapando é muito bom… eles acham que eu vendi essa TV para comprar a maconha (que tipo de pessoa eles acham que eu sou?)

Bom… desde ontem meus pais não falam comigo, queria que eles entendessem meu lado e o bem que a maconha tem trazido pros meus dias…

Relato de um leitor enviado para redacao@hempadao.com