Um Laranjeira no Caminho do Maconheiro

Meu nome  é P., tenho 18 anos e fumo maconha há 5 anos. Toda a minha trajetória de maconheiro foi muito turbulenta, acho que pelo fato de eu ter começado muito cedo. Para agravar mais a situação, tenho um pai juiz criminal e uma mãe advogada. 

Sempre fui meio problemático, na infância, me diagnosticaram com TDHA, e fui medicado por longas datas, tinha várias reações e os médicos resolveram trocar medicamentos, até mesmo mudaram de diagnósticos. Acho que tive mais problema na infância com as medicações do que supostamente teria sem elas. Quando tinha por volta de 10 anos de idade, meus pais se separaram, e vim morar com minha mãe em SP. Estudei em um colégio elitista de SP e comecei a fumar maconha por volta dos 13 anos, quando tinha liberdade e acesso a dinheiro muito alto para essa idade. Acabei me envolvendo com outros tipos de droga, e fui expulso do tal colégio, parando na delegacia e tudo mais.

Aí começa a fase mais perturbada da minha vida. Minha mãe disse que iria me internar, fiquei assustado com ela ligando para o tal “resgate” e fugi, ficando cerca de 6 dias na casa de amigos ate voltar. Fiquei no meu quarto até o outro dia, quando fui acordado por 3 enfermeiros gigantes com algemas. Acordei na clínica, a qual permaneci 15 dias e me levaram ao consultório do grande filho da puta Dr. Ronaldo Laranjeira, conhecidíssimo por ser muito proibicionista,  que fez o favor de me fuder e mandou me internar mais 3 meses em outra clínica.

Saindo de lá, fiquei tendo “tratamento” ambulatorial e o dever de andar com um tipo de acompanhante, sob pena de ser internado! (fui até obrigado a assinar um termo, como condição). Depois de longos meses, quantidades exorbitantes de remédios e  rios de dinheiro gastos com atividades banais, meus pais discutiram com o médico e saí fora daquela bosta.

Meses se passaram e aconteceu a maior desventura de minha vida. Fui fumar um baseado com uns amigos e fiquei com a seda no bolso, minha mãe achou e não disse nada, ligou para o filho da puta Laranjinha e ele teve a grande ideia de me internar compulsoriamente por 9 meses, que acabaram se estendendo por longos 1 ano e 1 mês, por “falhas minhas com minha recuperação”. Fui extremamente mal tratado e medicado durante todo esse tempo. Fiquei um bom tempo em casa para me desintoxicar dos fármacos e voltei para minhas atividades.

Depois de um tempo resolvi tentar fumar um esporadicamente.  Organizei bem minha vida e percebi que conseguia dar conta de todas as minhas atividades e fumar maconha tendo uma ótima qualidade de vida. Vinha fumando escondido, até que esses dias minha mãe achou três baseados bolados em uma caixinha. Estava viajando quando ela me ligou e já imaginei todo pesadelo novamente.

E fui embora para casa esperando o pior, quando voltei da escola fui conversar com minha mãe. Ela disse perguntou em um tom de desespero se eu tinha voltado a usar drogas, e se haveria de me internar novamente. Dessa vez, resolvi enfrentar a situação de maneira diferente, tentei conversar com máximo de assertividade para demonstrar que estava ótimo e cumprindo todas minhas responsabilidades, minha mãe anda meio preocupada, mas parece ter se conformado com a situação, conversei hoje com meu pai, ele disse que essas coisas o deixam triste, mas acha que eu devo descobrir oque é melhor pra mim. Me pediram pra que eu me consulta-se com um psiquiatra, espero que consiga encontrar um psiquiatra que não faça a mesma coisa que o grande laranjinha.

Me encontro super bem em todas as áreas da minha vida, e pretendo que isso continue assim. Espero que este relato sirva para ajudar alguém que está vivendo uma situação parecida, a melhor maneira de resolver os problemas é conversar e não deixar que aumentem.

 

Relato de um leitor enviado para redacao@hempadao.com