Na próxima quarta-feira os velhinhos do STF devem começar a julgar o Recurso Extraordinário 635.659 que, na prática, pode descriminalizar de vez o porte de drogas no Brasil. Caso você não tenha visto o texto que publicamos domingo, vale a pena ler para entender melhor a questão, e os limites desse julgamento.
Mas, mesmo com uma decisão favorável, na prática ainda podem haver muitos problemas. Grande parte deles decorrente de uma falta de distinção clara entre usuário e traficante – porque tráfico continuará sendo crime.
E aí, como sempre falo aqui, provavelmente vai prevalecer a visão estigmatizada e preconceituosa da polícia e da justiça: preto, pobre com droga, é traficante.
Mas, de qualquer forma, uma decisão favorável o STF será muito importante, histórica. E o debate sobre drogas estará mais do que nunca na ordem do dia em todo o País.
E todos nós seremos responsáveis por travar o debate em cada canto, cada bar, esquina, fila de banco, elevador e almoço de família, rebatendo ‘argumentos’ de Datenas e Sherazades que são repetidos por muitos. Será uma oportunidade única. Uma luta pedagógica constante.
Por falar em oportunidade única, duas entidades de classes ligadas à saúde perderam uma ótima oportunidade de ficarem caladas.
A Associação Brasileira de Psiquiatria e a Associação Médica Brasileira se manifestaram contra a descriminalização. Entre os argumentos: "o Brasil não está pronto" e "somos contra o uso de drogas".
Cabe perguntar a eles, e outros que usam o mesmo tipo de argumento furado: O Brasil está pronto para a continuidade da guerra às drogas, que mata milhares de pessoas que nem cerveja bebem?
Vocês são a favor da morte de inocentes e do gasto de bilhões de dólares que poderiam ser melhor aplicados numa guerra perdida?
Os documentos divulgados pelas duas associações são ótimos pontos de partida para todos nós entendermos o tipo de ‘argumento’ que vamos encontrar no embate diário sobre drogas que vai ocorrer no Brasil caso o STF derrube parte da lei de drogas.
Vamos pra cima!
Nossa vitória não será por acidente!
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