REeDUcaÇÃO #42 – Da utopia à realidade

por Guilherme Storti

Salve, salve!

Primeiramente queria me desculpar pelo “sumiço” dessa coluna nas ultimas semanas. Devido a exaustiva jornada de trabalho, militância antiproibicionista, vida de estudante e paternidade não tive tempo de escrever nesse último mês que se passou. Minhas sinceras desculpas aos leitores e à moderação do blog.

Mas como há males que vem para o bem, a coluna volta essa semana com algumas novidades para o blog e seus leitores.

Abramd

Semana passada tive a oportunidade de estar presente no 4° Congresso Internacional da ABRAMD (Associação Brasileira Multidisciplinar de Estudos sobre Drogas), onde muitas questões relacionadas com a nossa política proibicionista e higienista foram levantadas por profissionais que, além de militantes, também se dedicam cientificamente á causa.

Não restam dúvidas do quanto este tipo de espaço deve ser estimulado. Durante quatro dias pudemos debater e discutir diversas questões que implicam diretamente nas nossas vidas de usuários de drogas, assim como nas políticas que são formuladas para lidar com a nossa “classe social”.

Porém, em tom de marcha fúnebre, houve o reconhecimento sobre o quão anda desastrosa a nossa política de drogas, e pior, a falta de perspectivas de melhoras num futuro próximo.

Ver o professor Dartiu Xavier colocando isso muito claramente soou um tanto quanto desesperador, apesar de não ser novidade para ninguém. Qualquer pessoa que se dedique minimamente ao estudo do uso de SPA’s (substancias psicoativas) sabe que o Brasil também anda de mal a pior neste quesito.

Outra questão muito importante que foi colocada para tod@s que ali estavam, foi a afirmação do professor Elisaldo Carlini mencionando o quanto a classe médica influencia no progresso da nossa política, principalmente quando isso envolve a indústria farmacêutica e o monopólio dessa classe profissional. Sendo mais direto, ficou muito claro que se hoje não temos uma liberação para se utilizar a cannabis medicinal no Brasil, isso se deve basicamente ao posicionamento da classe monopolizadora da saúde, que não admite a prescrição desse medicamento, inclusive ameaçando caçar profissionais da categoria que recomendem o uso medicinal da planta.

Em paralelo ao debate nacional, tivemos falas brilhantes de representantes do governo português e uruguaio onde foi colocado para o público as experiências de seus países em reformular a forma de pensar sobre as políticas de drogas vigentes e todos os avanços que tal mudança podem trazer para a população.

Eventos como esses servem como uma injeção de estímulo para aqueles que levam a sério sua militância, porém serve também como um duro choque de realidade, pois tod@s saem do espaço sabendo que a luta está mais árdua do que nunca e a vitória ainda continua um tanto distante.

Um dispositivo que também foi bastante lembrado e citado foi o Ponto de Encontro, local onde tenho a honra de trabalhar. Dr Antonio Nery Filho e muitos outros fizeram questão de exaltar o quão avançado é este projeto e que o mesmo já serve de modelo para uma nova política de atenção aos usuários de drogas, sendo reconhecido também pelo atual Secretário de Política de Drogas do Brasil, Vitore Maximiano.

No mais, além do espaço de construção, queria deixar aqui um grande salve para todos os amigos que compuseram as mesas e fizeram falas brilhantes. Espaços como estes são essenciais para os novos rumos da nossa política.

Semana que vem teremos novidades na coluna, aguardem…

Grande abraço.