Rede de Feministas Antiproibicionistas realiza encontro nacional em Recife

Um ano e meio após sua criação a Rede Nacional de Feministas Antiproibicionistas (RENFA) vai realizar, em Recife – PE, seu primeiro encontro nacional. 

O I ENFA vai acontecer nos dias 30/09 e 01/10 e vai reunir centenas de mulheres de 12 estados + o Distrito Federal, para debater o impacto da guerra às drogas na vida das mulheres e pensar a reforma na política de drogas a partir da perspectiva de gênero. 

Alinhadas pelas lutas antirracista, anticapitalista, antimanicomial e antipatriarcal, estas mulheres – que são diversas, mas não estão dispersas – se reunirão sob o mote Quem Somos, O Que Queremos e vão traçar, juntas, uma estratégia de atuação nacional através da RENFA. 

Em anexo, outras informações no release.
Página no Facebook: www.facebook.com/antiproibicionista

Porta-vozes da RENFA

Ingrid Farias – (81) 99740-3512  

​Priscilla Gadelha – (81) 99899-5856

Adelle Nascimento – (87) 99634-7422

Nadja Carvalho – (86) 99847-9296

Quem somos, o que Queremos

Nos dias 30 de setembro e 01 de outubro de 2017, centenas de mulheres estarão reunidas na cidade de Recife, em Pernambuco, para participar do primeiro Encontro Nacional de Feministas Antiproibicionistas (ENFA). Articuladas na Rede Nacional de Feministas Antiproibicionistas (RENFA), mulheres de diversos perfis – ativistas nos Movimentos Feministas, Movimento de Mulheres Negras, Movimento LBTI, Movimentos Rurais e Urbanos, População em Situação de Rua, Mulheres Indígenas, jovens e usuárias de drogas – do Distrito Federal e 12 estados do Brasil, alinhadas pela reforma na política de drogas, se encontrarão para trocar experiências e planejar uma atuação em rede em todo o território nacional.

No primeiro dia do encontro, serão formados grupos de vivências para discutir temas relacionados às pautas feministas antiproibicionistas. Racismo, encarceramento, diversidade, maternidade, prostituição, juventude, economia, redução de danos, cultura e espiritualidade serão pontos centrais dos debates e trocas de experiências, que culminarão em sínteses construídas coletivamente como nortes para os horizontes de luta destas mulheres.

Posteriormente às vivências em grupos, no segundo dia do ENFA, todas as mulheres estarão juntas para construir uma estratégia de atuação em rede, sintonizada com os Direitos Humanos e a Justiça Social e priorizando o diálogo e a incidência interseccional, a partir do entendimento de que é missão de todos os setores da sociedade a responsabilidade pelos danos sociais e a vulnerabilidade desencadeados pela política proibicionista de drogas.

O desafio da RENFA é sensibilizar e influenciar movimentos mistos e de mulheres a acolher a agenda da reforma da política de drogas como fundamental e estruturante na luta pela democracia e por uma sociedade livre das opressões, através do empoderamento das mulheres, ampliando este debate e ocupando espaços de diálogo sobre Direitos Humanos, Direitos Sexuais e Reprodutivos, Controle Social, Segurança Pública, Acesso à Justiça, Comunicação, Direito à Cidade, Agroecologia e Feminismo, sobretudo diante de uma conjuntura política com tantos retrocessos.

O objetivo do ENFA, bem como da própria Rede, é provocar e mobilizar o envolvimento político de outras mulheres às práticas antiproibicionistas, através do fortalecimento de laços e intercâmbio de saberes e propostas políticas e pedagógicas para um modelo de política de drogas mais justo.

A legislação de drogas vigente no Brasil (Lei 11.343/2006) traz riscos maiores que o uso dessas substâncias e compromete aspectos fundamentais da vida de mulheres e homens brasileiros, como saúde, segurança e educação, além ser usada para criminalizar populações vulneráveis. Tal modelo, que encarcera e extermina vidas, sobretudo jovens e negras, impacta ferozmente a vida das mulheres, que são as principais vítimas dessa verdadeira Guerra às Drogas.

Nos últimos 12 anos, segundo dados do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), a população carcerária feminina aumentou 556% no país – número mais de quatro vezes maior que se comparado aos homens no mesmo período. Alem da privação de liberdade, a violência do Estado dentro das periferias brasileiras, o estigma, a impossibilidade de permanecerem com seus filhos sob o argumento de serem usuárias de drogas e a negação da sua dignidade e autonomia enquanto usuárias, revelam a necessidade e urgência do fortalecimento das mulheres como protagonistas na luta por uma sociedade antiproibicionista.

ENFA – 30/09 e 01/10, na Rua do Brum, 27, Bairro do Recife; Recife – Pernambuco.

Sobre a RENFA – Em 2014, na cidade do Rio de Janeiro, o encontro de 40 mulheres ativistas feministas de nove estados do Brasil foi o pontapé da articulação que, em 2016, durante o I Encontro Nacional de Coletivos e Ativistas Antiproibicionistas (ENCAA), no Recife, resultou na criação da Rede Nacional de Feministas Antiproibicionistas.

Atualmente, a RENFA conta com cerca de 200 mulheres e com representação no Distrito Federal e em 12 estados do país: Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Sergipe.

As mulheres envolvidas na construção da rede são aquelas cujos perfis são os mais afetados pela Guerra às Drogas. São mulheres cis e trans, negras, jovens, periféricas, usuárias de drogas, profissionais do sexo, mulheres em situação de rua, pesquisadoras ou ativistas, envolvidas de formas diversas na luta pela reforma da política de drogas, norteadas pela perspectiva dos Direitos Humanos e da Justiça Social. São atuantes dentro dos movimentos sociais de luta pelo direito à cidade, nos serviços públicos de saúde e assistência, no trabalho com mulheres privadas de liberdade e em situação de rua, produtoras de conhecimento dentro da acadêmica e no campo da comunicação. Ativistas na luta feminista e em outros campos, fundamentais para a garantia dos direitos das mulheres em situação de vulnerabilidade.

Curso Mulheres e Drogas – Nada sobre nós sem nossa participação – Em 2017, a RENFA está realizando um curso de formação política com apoio da Cese, do SOS Corpo e do Centro de Cultura Luiz Freire. As primeiras turmas aconteceram em Salvador (BA) e Recife (PE) com mulheres negras, populares, usuárias de drogas, em situação de rua, trans, profissionais do sexo e usuárias da rede de atenção psicossocial.