Querem Inventar um Traficante!

Quero contar sobre o que me aconteceu ontem 19/09. Aqui em Natal rola todos anos um festival de música chamado “Mada” e vem muitas bandas de reggae, e nesse ano vem Planta e Raiz como principal no dia 20/09 sexta-feira. Um amigo e eu fomos comprar nossos ingressos e de outros. Nós moramos bem perto da praia e quando saímos da loja com os ingressos, pensamos em descer na praia pra torrar um. Descemos e ficamos em uma barraca que se concentra a galera do surf. Quando cheguei lá já tinha uma galera enorme fumando, pedimos um suco e um sanduíche e enquanto esperávamos eu fui dichavando um pedaço de fumo que dava mais ou menos umas 25g dentro do saco mesmo, mas o que eu não sabia era que a prefeitura tinha instalado câmeras de monitoramento bem em baixo de nós alguns dias atrás e não tinha como vê-las.

Passou um tempinho, e quando estava tudo pronto pra bolar, apareceu um brother que me pediu uma seda. Abri a bolsa, destaquei a celulose e dei pra ele. Se passaram uns 3 min e quando eu ia tirar a ceda pra mim, a polícia quebrou bem em cima da gente mandando color a mão na cabeça e levantar, na mesma hora fechei o saquinho e joguei em baixo da mesa me levantei e fui ao encontro deles de costas. Já chegaram nos chamando de traficantes batendo em nossas pernas e dizendo ” São vocês que estão fumando maconha aqui né” eu apontei pro lado, e disse que na orla inteira estavam fumando e realmente toda a marola que eles estavam sentindo vinha da galera que estava do nosso lado e que saíram de fininho. Um policial disse: “vocês pensam que nós não vimos você pela câmera vendendo drogas aqui a 5 min atrás, vocês estão fudidos”.

Foi ai que eu me toquei na câmera e como todo mundo já tinha vazado e a praia tava deserta, fiquei logo em um canto que pudesse me filmar, no caso de haver uma agressão maior. Ai eles perguntaram onde estava a droga, dei uma olhada pelo canto olho e vi que estava debaixo da mesa e tinha como vê tanto eu como eles. Fui logo dizendo que estava debaixo da mesa e que estava portando ela por ser usuário, ele pediu pra mim ir buscar, quando eles viram a quantidade disseram; “quer dizer que você vai fumar essa droga todinha sozinho, vai fazer um charuto é”? o outro disse; “isso é um traficante, tá vendendo! Não viu na filmagem não, sargento”? eu disse: se o senhor prestou bem atenção na filmagem você me viu dando uma seda a um cara. ele disse; “eu quero que você tire tudo da bolsa aqui no meio da calçada”. Somente quando tirei tudo da bolsa, foi que eles tiraram as armas de cima de nós e foram perguntar pelos nossos documentos, enquanto estavam fazendo as buscas se tínhamos alguma passagem pela polícia eles ficaram mais calmos, fazendo aquelas perguntas, de onde compramos, onde morávamos, como tinha chegado ali.

Até que o rádio tocou e o policial do quartel disse que tinha um mandato de prisão para uma pessoa com o mesmo nome que o meu no Guarujá, ai os policiais ficaram doidos dizendo: “você disse que não tinha nenhuma passagem pela polícia seu filho da puta, você vai para cadeia!” nessa hora eu fiquei desesperado e disse que eles estavam errados, e eles ficaram mais furiosos dizendo que estava chamando eles de mentirosos, ai eu pedi para eles se acalmarem e olharem se o nome de minha mãe batia com do outro Bruno.

A partir daí eu fiquei mais tranquilo e disse que tinha moradia fixa, emprego e estava terminando a faculdade e que a maconha encontrada era para o meu uso pessoal e se fosse para prolongar aquilo eu iria ligar para o meu advogado (que também é maconheiro), ai foi quando eles viram que era só mais um usuário realmente e foi dar aquela lição de moral, “não suje sua imagem desse jeito” e coisa desse tipo.

E para terminar, depois de quase 1 hora, levaram nossa droga, seda e isqueiro, não nos deixaram mais ficar na praia e foram nos escoltando até a parada de ônibus.

Nesse dia aprendi que, a polícia não tem preparo para distinguir um usuário para um traficante. Eles cometem erros básicos como checar o número de identidade e o nome da mãe. Já foram muitas, mas essa foi a mais despreparada. Sim! Já ia esquecendo, eles ainda deixaram 3 sedas no meu bolso, fomos para casa torramos um, e hoje tem planta e raiz, com muita paz se Deus quiser.

Relato de um leitor enviado para redacao@hempadao.com