Quem quer maconha nos reclames do Plim Plim?

Todo bom maconheiro sabe que a maconha é menos nociva que o álcool. Mas todo bom maconheiro deve saber que a maconha não é “100% tranquila” e que uso pode causar dependência. Os dados epidemiológicos indicam que a taxa de dependência entre ou usuários de cannabis é de 9%.

Por isso, defendemos um modelo de legalização que não permita campanhas publicitárias que estimulem o consumo da nossa erva. Bombardear a consciência com algo que pode provocar um vício é desumano e não combina com a cultura canábica.

Mas ai o leitor atento vai lembrar que as bebidas alcoólicas figuram entre os maiores anunciantes da TV, mídia impressa, rádio e internet. Até a década passada a publicidade de cigarro também era permitida. Mas isso pode estar com os dias contados.

O Tribunal Federal da 4ª Região, do Rio Grande do Sul, determinou nesta quinta-feira que a União e a Anvisa passem a aplicar novas restrições às propagandas de bebidas com teor alcoólico igual ou superior a 0,5 grau Gay Lussac. Isso coloca na lista a restrição a cerveja e até o “leve” Ice.

Mas a proibição pedida pelo tribunal não é completa. Entre as restrições previstas, está a limitação da exibição da publicidade das bebidas em emissoras de rádio e televisão apenas entre 21h e 6h, sendo que, até as 23h, apenas no intervalo de programas não recomendados para menores de 18 anos.

Também fica proibida a associação do produto ao esporte olímpico ou de competição, ao desempenho saudável de qualquer atividade, à condução de veículos e a imagens ou ideias de maior êxito ou sexualidade das pessoas. A veiculação de propagandas em trajes esportivos, relativas a modalidades olímpicas, também fica vedada.

A questão ainda está longe de chegar a uma decisão final, e devemos lembrar que o lobby da indústria de bebidas é um dos mais fortes do Congresso Nacional, contanto com aliados até da bancada evangélica. De olho nos milhões dos contratos publicitários, as organizações Globo já trataram a restrição como “censura”.

Os mesmos que tentam assustar a população dizendo que a legalização da maconha vai provocar uma “explosão no consumo” não querem proibir a publicidade que vende uma ilusão para milhões de brasileiros.