Profissão: ‘sommelier’ de maconha

Em uma das maiores empresas produtoras de maconha do Canadá, um homem tem a palavra final sobre a qualidade do produto. “Meu nome é Rade Kovacevic e você pode me chamar de ‘sommelier de cannabis’ da Canopy”, diz ele.

Como chefe da experiência do consumidor da Corporação Canopy Growth, uma produtora de cannabis em Ontário (Canadá), o trabalho de Kovacevic é garantir que a empresa ofereça a maconha da melhor qualidade possível.

Fonte: G1

Sua empresa produz maconha medicinal para pacientes em todo o Canadá, onde o uso recreacional é proibido, mas os médicos podem prescrever a substância para pacientes com fins medicinais, como tratamento de dores, por exemplo.

De porte de uma espécie de receita médica, os pacientes podem se registrar junto aos produtores, encomendar a maconha pela internet e os produtos são enviados diretamente a eles.

“Assim como o vinho, há uma variedade de propriedades. Algumas pessoas preferem um Pinot Noir e outras um Bordeaux”, diz Kovacevic.

“Nós temos produtos como nosso skunk de limão com DNA certificado, com um tipo de terperno cítrico que lembra o da fruta”, diz.

Terpenos são moléculas naturais de aroma e sabor produzidas por várias plantas, inclusive a cannabis. O trabalho de Kovacevic é avaliar a qualidade da planta através do aroma, textura e umidade de suas flores.

“Tudo começa com a flor. Todos os produtos que vendemos nesta empresa passam por uma revisão para checar textura, colaração, tipos de terpeno, densidade, níveis de umidade e várias propriedades diferentes”, explica Kovacevic.

“Quando eu era mais jovem, eu tinha muitas preocupações com as questões de proibição e regulação da cannabis e seu impacto na sociedade, de um ponto de vista de justiça social”, conta o especialista.

“Acabei passando por uma intercorrência médica e o uso medicinal da cannabis foi muito benéfico para mim, e então eu entrei na indústria, há mais de uma década, com o objetivo de ajudar outros pacientes”.

A cannabis, mesmo aquela cultivada para uso medicinal, é ilegal em muitos países. No Brasil, o plantio e a venda de maconha são proibidos, mas o uso de uma das substâncias da Cannabis sativa, o canabidiol, usado para controlar atividades epilépticas, por exemplo, está autorizada pela Agência Nacional de Vigilânica Sanitária. No Canadá, ela é só é permitida para uso medicinal, mas o status da maconha deve mudar em breve no país.

Em abril, o primeiro-ministro Justin Trudeau anunciou seus planos para legalizar a venda da maconha recreacional em junho do próximo ano, ainda que os detalhes continuem em discussão entre as dez províncias do país.

Essa atitude aumentou o interesse de investidores. A gigante americana de vinho e cerveja Constellation Brands investiu U$245 milhões (R$791 milhões) na Canopy Growth.

Em um relatório de 2016, a empresa de serviços financeiros Deloitte fez uma previsão de crescimento do mercado da cannabis recreacional de U$2,6 bilhões (R$8,4 bi) anualmente, caso a maconha seja completamente legalizado no Canadá.

“Nos próximos anos, em vez de uma garrafa de vinho, você levará sua garrafa de Tweed”, prevê Kovacevic. Tweed é uma marca que comercializa maconha em várias formas, inclusive em óleos medicinais.