“Para a coluna ´Caos in Casa´…”

Cof, cof, cof… (pausa) – Agora sim! Olá, galera do Hempadão, meu nome é Iago! Acompanho vocês a um tempão e sempre li relatos de pessoas que rodaram em casa, ou que, finalmente, conseguiram a tão sonhada liberdade de fumar o seu beck em casa, sem nenhum problema. Prometi a mim mesmo, logo que comecei a acompanhar o blog que, quando finalmente houvesse um desfecho na minha luta, eu viria compartilhar aqui com toda a galera que, assim como eu, entende o propósito da coluna. Venho contente compartilhar com vocês que finalmente consegui esse nosso sonho, mas o caminho foi longo…

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Hoje tenho 18 anos e fumo desde os 15 (tenho consciência dos meus atos, então, aos que forem me criticar por isso, que se poupem do trabalho). Cresci ouvindo meu pai escutar Bezerra da Silva, Raul Seixas, Marcelo D2, Cazuza e muitos outros artistas que têm, em suas vidas e trabalhos, alguma relação com a erva. Quando era pequeno não entendia aquilo direito, mas gostava. Sempre fui muito influenciado pela música, tanto que, logo pequeno, já comecei a tocar violão. Quando conheci a erva, eu fumava cigarros, então não tive dificuldades para conseguir tragar e sentir os efeitos.

Desde o início, eu tinha vontade de contar pros meus pais sobre o filho deles ser maconheiro, pois sabia que eles não reagiriam de maneira extrema, mas nunca encontrei coragem, já que sempre fui uma pessoa tímida. Durante dois anos, eu consegui esconder deles que fumava maconha, embora fosse bem paloso (uso cabelo grande, barba, toco em uma banda, fumava escondido em casa, etc). Somente esse ano, após voltar de uma viagem, que eles descobriram, pois como velho maconheiro, acabei sequelando e esquecendo o meu potinho com erva e uma caixa de seda no fundo de uma mala com roupas que minha mãe iria colocar para lavar. Como esperado, ela não surtou, nem meu pai, mas vieram conversar comigo e tentar argumentar comigo sobre o porque que eu não devia fumar aquilo. Tomei coragem e iniciei minha contra-argumentação, alegando os inúmeros benefícios que ela me trazia; como me deixar mais calmo, mais criativo, e mais de boas com a vida; e buscando quebrar os paradigmas que a mídia e a sociedade impõem, citando estudos, pesquisas científicas e meu próprio exemplo. Fui bem claro ao dizer que não pararia de fumar e que, se eles quisessem, poderia levar muita informação pra eles. Como aquilo havia sido um choque, minha mãe não se conformou. Meu pai parecia imparcial.

Eu sabia como havia sido a adolescência deles e aquelas críticas me pareciam pura hipocrisia, visto que eles já haviam fumado. Daí pra frente, minha relação com eles mudou muito, não só por isso, mas também pela mudança de vida que eu tava passando (estava no primeiro semestre em uma universidade pública, que consegui entrar na primeira tentativa) e por uma desilusão amorosa que estava abalando meu psicológico. Apesar de eu ter uma relação boa com meus pais, constantemente haviam desentendimentos e isso estava gerando muitos conflitos e um clima horrível em casa. O ápice dessa crise foi quando foram falar pra eles que eu e um amigo alugamos um apartamento “só pra fumar maconha”. Após isso, eles me chamaram pra conversar e me pediram pra cancelar o aluguel do apê. Em troca, eles me dariam liberdade para fumar aqui. Ainda mais, meu pai iria comprar minha maconha, pra evitar que eu esteja me arriscando indo atrás de maconha (achei isso muito esquisito, mas de boas, eu continuo fazendo o meu). Após ficar tudo resolvido, e o clima de paz reinar em casa, vim até meu quarto e sentei na mesa do computador. Meu pai veio até aqui e me chamou para ir até o quarto deles. Ao entrar, ele trancou a porta e falou:

– Quero ver se você aprova a qualidade desse! E acendeu um baseado muito bem bolado, com toques de mestre.

Eles abriram o jogo que também fumavam maconha, mas faziam isso de maneira tão reservada (nem eu sabia), que era algo apenas deles e somente pouquíssimas pessoas deveriam saber, porque a cidade onde moro é pequena e todo mundo sabe da vida de todo mundo (e gostam de fofocar). Fumamos esse baseado que, por sinal, era muito bom, e tivemos a conversa mais aberta da minha vida. Minha mãe me explicou que havia sido contra a minha escolha de fumar maconha porque achava que era algo passageiro, visto que eu estava em uma época bastante “louca” da minha vida, mas como ela viu que era mais que isso, decidiu aceitar pra evitar que os conflitos continuassem. Digo que a chave pra eu ter conseguido essa vitória foi a informação e a coragem. Meus pais sempre foram inteligentes e por dentro dos assuntos, eles sabem dos benefícios que a maconha traz, principalmente minha mãe, que trabalhou muitos anos na área da saúde.

Aconselho aos que ainda estão na luta: não desistam, não fraquejem, façam que seus pais entendam que os seus motivos, suas causas, seja isso com conversas, filmes, atitudes, documentários, estudos. Saiam do armário, da posição de defesa e lutem pelo que desejam!

Mande seu relato: hempadao@gmail.com