Os milicos querem um arrego!? [Hempanada – Direto do Uruguai]

por Diogo Tinoco

image[11]Olá lariquentos de informação! Anuncio a última que se comenta aqui no Uruguai: o uso de prédios militares para a instalação dos plantios comerciais da Cannabis. Digo comerciais, pois o Estado concederá licenças mediante licitação para a livre iniciativa empreender dentro das rígidas normas da nova lei, a saber: só será permitido o plantio de clones, para controlar a circulação, e o único cliente será o Estado, que será o intermediador entre os plantadores e as farmácias que venderão para os usuários previamente cadastrados.

 

O que acontece é que recentemente, diretamente do Chile, na ocasião da posse presidencial de Michelle Bachelet, o presidente uruguaio Pepe Mujica anunciou que iria usar prédios militares pouco usados, e preferencialmente afastados de grandes centros urbanos, para o plantio comercial. Em seguida, o ministro da Defesa uruguaio, Eleuterio Fernández Huidobro, já anunciou que ofereceu ao presidente os serviços do exército para garantir a segurança dos cultivos.

Em reportagem do El País (praticamente um jornal ‘O Globo’ dessas bandas), foram comparadas as necessidades de vigilância de cultivos de maconha com presídio de segurança máxima. É isso mesmo, mal saiu da ilegalidade, já querem colocar a plantinha numa penitenciária! Huidobro deixou claro que o exército não participaria do processo de cultivo, nem do controle de acesso e nem segurança interna. Vão fazer o que então? Simplesmente ocupar postos nas torres de vigilância e “controlar o perímetro”. Ou seja, o exército uruguaio está a disposição para ser ‘flanelinha’ da maconha legal. Nada mais, nada menos que uma institucionalização do arrego, já que o exército não prestará esse serviço de graça, e nem será barato.

É compreensível a postura do presidente José Mujica de querer aproveitar instalações militares sub-utilizadas, mas para a senadora e pré-candidata à presidência pela Frente Amplia (partido de Mujica), Constanza Moreira, é importante reduzir as funções do exército, e não dar-lhes mais atribuições: “Sou partidária de que as Forças Armadas diminuam suas funções e não as ampliem, muito menos invadindo um campo civil como a  agricultura familiar, então não posso estar mais em desacordo com essa proposta”, disse. Constanza ainda afirmou que a Lei é clara com relação a custódia dos cultivos, ela prevê licenças para auto-cultivo, clubes de associação e pequenos produtores para abastecer as farmácias, tudo mediado pelo Instituto Nacional de Regulação da Cannabis, e não pelas Forças Armadas.

A data prevista para o fim do processo de regulamentação da Lei, e consequente início da distribuição de licenças de cultivo (comercial, clubes e individuais), é 10 de abril. A partir daí espera-se o sinal verde para o autocultivo. Para o cultivo comercial, espera-se que o sinal verde venha em dezembro. Até lá, Mujica acenou que pode importar Cannabis canadense para abastecer o mercado e não deixar os marihuanos na mão do tráfico.

Com informações de El País, República e Subrayado.

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O nome deste novo espaço de intercâmbio informativo diretamente de Montevideo é Hempanada, um trocadilho com o tradicional prato dos nossos hermanos!