uma ponta pro poeta
quando em brasa põe em turbilhão
cerca de um milhão de palavras
que se significam sem travas
e influem diversa sensação
o efeito de um simples beque
aceso, acende a língua
e então a lembrança longínqua
se aguça, enquanto esmaece
o que no instante acontece
alguns tragos da erva
consegue enfumaçar a imaginação
dilatada, diferenciada da costumeira
outra percepção possível
sobre o que passa invisível
a dúvida – matar, quiçá, impossível
é saber se a onda alimenta o nexo
ou se não é então a linguagem
que além de se apoiar feito boia nessa mar
também nele aprendeu a nadar
pois defendem estudiosos que seria, portanto
o falar, o sentir, o imaginar, o fruto do nosso coletar
e experimentar de tudo, de cada fruto e tanto
que uma erva milenar pode ainda hoje auxiliar
o poeta a pensar, embora haja nisso pranto
afinal é proibido
e sabe-se lá até quando
teremos inibido
o direito de plantar
ou comprar decentemente
buds ou semente
somente.
Deixar um comentário