O retorno da pesquisa com psicodélicos

Tradução Livre do texto da American Psychology Association (APA)

Quarenta anos depois que as leis federais criminalizaram o uso de psicodélicos para propósitos não-médicos no regulamento da FDA (Food and Drug Administration) para pesquisas sobre psicologia e drogas, o estudo sobre estas drogas está em alta novamente e seu uso no tratamento de certos pacientes mostra-se promissor. Pesquisadores estão descobrindo que as drogas podem ajudar a melhorar o funcionamento e o humor daqueles com câncer e outras doenças terminais, bem como ajudar a tratar pessoas com Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT).

Em um estudo piloto publicado online em Setembro e programado para aparecer em Janeiro de 2011 nos Archives of General Psychiatry (Vol 68, No. 1), Universidade da Califórnia, Los Angeles, pesquisadores liderados por Charles Grob, MD, mostraram que uma dose modesta de psilocibina – ingrediente ativo nos “cogumelos mágicos” – dados a pacientes terminais com câncer sob supervisão de terapêuticas treinados ajudou a reduzir a ansiedade e melhorar o humor por mais de seis meses. Em adição a sentir-se calmo e mais feliz, pesquisadores dizem, os participantes reportaram forjar uma conexão mais próxima a amigos e membros da família.

Estes tipos de pesquisa continuaram a colocar a possibilidade de que os benefícios destas drogas ilícitas pode superar os riscos em certos cenários. Como resultado, o FDA e a DEA (Drug Enforcement Administration) facilitaram regulações e também deram aprovações a pesquisadores da Johns Hopkins University e da New York University´s Langone Medical Center para estudar o uso de psilocibina para tratar ansiedade fatal entre pacientes com câncer.

Vários outros estudos de pequena escala mostraram sucesso em usar outra droga alteradora da mente – MDMA, muitas vezes referida como ecstasy – em conjunção com psicoterapia para tratar TEPT. Em um estudo com 20 pacientes publicado online em Julho no Journal of Psychopharmacology, o psiquiatra de South Carolina, Michael Mithoefer, MD, e colegas providenciaram duas sessões de oito horas de psicoterapia a pacientes, metade dos quais recebeu uma dose de MDMA durante as sessões e outra metade um placebo. Dois meses depois da última sessão pesquisador encontraram que mais que 80% do grupo experimental (que recebeu MDMA) não enquadrava-se mais no critério diagnóstico para Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), comparado com apenas 25% do grupo controle. Mithoefer está agora recrutando sujeitos para um estudo piloto de tratamento com MDMA entre veteranos (de guerra).

Em todos estes estudos, a meta foi ajudar pacientes a reduzir seus metods, diz Thomas Roberts, PhD, e psicólogo educacional na Northern Illinois University e co-editor de “Psychedelic Medicine” (Praeger, 2007). “É mais psicoterapêutico do que biológico ou neurológico” ele diz.

É importante notar, pesquisadores dizem, que as drogas psicodélicas podem eliciar medo, ansiedade ou paranoia, dependendo da dose provida e da personalidade individual. Portanto, esta pesquisa é feita apenas em setting cuidadosamente controlado e sobre o cuidado de um terapeuta treinado.

Rick Doblin, PhD, diretor executivo do Multidisciplinary Association of Psychedelic Studies, uma ONG da Califórnia que está financiando vários destes estudos, diz que os psicólogos serão continuamente mais aproveitados para conduzir esta pesquisa e explorar as ramificações do uso dos psicodélicos.

“Considerando o quão importante se tornou melhorar o cuidado no fim da vida em nossa sociedade, como evidenciado pelo aumento do movimento hospice (hospital residencial para doentes terminais), eu acho que este campo continuará a expandir e tornar-se mais relevante” diz Doblin.

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