O Brasil dos ‘matáveis’

por Tales Henrique Coelho

Já parou pra pensar que no Brasil certas palavras têm pesos bem diferentes, embora não tenham sentidos tão distantes? É o caso do ‘traficante’ por exemplo: é na hora identificado como um grande mal, um sujeito que merece morrer. Já quando temos um ‘suspeito’ de desviar milhões, o discurso é sempre outro…

Isso acontece mesmo que o traficante nunca tenha feito nada muito além de vender drogas, e que o ‘suspeito’ em questão tenha desviado milhões em recursos públicos.

O corrupto pode ter sido responsável por muito mais danos à sociedade que o vendedor de maconha e pó da favela. Mas quase nunca veremos alguns tipos de criminosos nem mesmo algemados.

Já os que se enquadram em certas categorias, esses estão todo dia no programa do Datena.

Não é novidade pra ninguém que por aqui o conceito de cidadão é muito amplo, e não é igual para todos. Uns são mais iguais que outros.

Ou alguém lembra se teve gente presa ou ‘escrachada’ na TV por causa do helicóptero lotado de cocaína?

No Brasil a guerra às drogas serve para rotular muita gente. Para justificar a matança de ‘inimigos públicos’ construídos. Enquanto outros que desviam e sonegam milhões aparecem na ‘Caras’, que aquela sua tia avó que defende a pena de morte deve adorar.