Mas que Vergonha… o Busão tá mais caro que a Maconha!

Viu como não era por causa da maconha? A polícia ano passado invadiu a Marcha da Maconha, deu porrada em músicos e fez com milhares de pessoas se dispersassem em menos de um minuto. Esse é o trabalho deles. Muita gente disse que o motivo seria porque a manifestação era pela legalização da erva, mas não é verdade. Vivemos no Brasil, país covarde, Estado que treme e teme qualquer grito popular. País que vê como ameaça o levante de qualquer massa. A prova disso é que todos os movimentos por diminuição do preço da passagem estão sendo duramente reprimidos pela polícia.

Já há várias marchas que o ônibus e a planta estiveram presentes num só grito, quem lembra? “Ah, mas que vergonha… o busão tá mais caro que a maconha!”, entoava o pessoal em São Paulo desde 2009. É bem verdade que o preço de tudo aumentou de lá pra cá, mas o busão abusou.

O transporte que o próprio Estado brasileiro – infelizmente – escolheu como sendo o principal, o modelo rodoviário, é uma bela bosta. Essa opção doa o espaço público ao bel interesse estatal, causando expropriações mil quando querem construir uma nova rua, ou estrada. Fora que todo o espaço público passa a ser regido pelo “bem-maior” da coletividade. A rua não é das pessoas, mas sim dos carros, do trânsito, do fluxo! Os carros já não andam tão bem em um tráfego entupido onde o fluxo é o do congestionamento. Sem falar em poluição… ou seja, uma bosta!

Como se não bastasse isso, somos obrigados a conviver com altos custos para locomoção. Sobe o preço do ônibus, sobe o preço do combustível, sobem os preços dos pedágios! Enquanto não há melhoria de nenhum desses serviços. Tão achando que o povo é trouxa?

Claro que tão. Sempre tiveram. E o povo é mesmo trouxa, o povo brasileiro nada mais passa que uma trouxinha. E da de cinco, nem da de dez. Mirraram nossa educação de fábrica. E pra piorar, há de se viver sob a prensa da polícia, soldados de uma ditadura que se diz democrática onde a porra come na prática. Na teoria o preço da passagem nada tem a ver com maconha, né? Mas será que a luta dos estudantes e populares não tem nada a ver com nosso movimento?

Adão pasma ao ver, com lamento, como o povo reage aos seus próprios manifestantes. Quando na Itália ou na Espanha o bicho pega e a juventude vai às ruas tacar fogo em tudo, o brasileiro médio acha isso lindo. Quando a juventude brasileira faz a mesma coisa aqui, então o padrão no Brasil é xingar e chamar os manifestantes de vagabundo. Triste pertencer a este mundo.

Me faz pensar que, se a população não apoia uma manifestação nem que vai a favor dos direitos dela, imagina então uma sobre a legalização da maconha. Pessoas presas e mais gente agredida, tudo porque os donos de empresa de ônibus (muitos cheios de maracutaia de todos os níveis) não abrem mão de seu reajuste anual. Aquela levantada nos lucros na empresa, sabe como é. E foda-se que o transporte é público enquanto quem o oferece são empresas privadas. Esse é o Brasil, nada melhor que a privada.

Nessas horas, aquele pessoal que diz que os jovens não se mobilizam por causas mais justas que a maconha, também não aparecem. O spray de pimenta e o gás lacrimogêneo não são armas contra a militância, mas sim um privilégio de poucos e corajosos jovens, um presente do Estado àqueles intrépidos grupos de pessoas que sentem no rosto o ardor e ardência de uma vida de luta, de sonhos. Toda adrenalina na fuga do choque se converterá em histórias para nossos filhos. E no mais, que eles nem precisem pagar caro numa passagem de busão – tomara que até lá tenhamos mais ciclovias, isso sim!