Maconheiro sagaz não entra em onda de reaça!

por Tales Henrique Coelho

Vamos deixar uma coisa clara? Maconheiro ativista que defende a legalização não pode ser a favor da redução da maioridade penal, da pena de morte e de outros absurdos que vêm a tona quando crimes como o assassinato do médico Jaime Gold a facadas no Rio.

EXTRA-excelente

É feio e incoerente lutar pela legalização da erva e fazer coro com a direita no dia seguinte. Ir pra Marcha da Maconha do sábado e fazer coro pela pena de morte no domingo.

Tem uma coisa que digo e repito sempre: a legalização não vai vir porque uma classe média quer fumar de boa sem ser incomodada. Até, porque, vamos combinar, isso já acontece hoje com relativa normalidade.

A legalização tem que vir para acabar com a guerra às drogas, que não passa de uma desculpa esfarrapada para a guerra aos pobres. A guerra que ‘justifica’ a prisão e morte de milhares de jovens pobres todos os anos, que coloca o discurso da ‘segurança’ sempre em primeiríssimo plano, enquanto os reais problemas sociais nunca são enfrentados.

A Guerra às Drogas, o preconceito e o racismo que vêm desde a escravidão – por sinal muito pouco discutida e compreendida no Brasil – são irmãos siameses.

Por isso, pra mim, o ativista pró-legalização tem que ser uma pessoa sempre preocupada com todos essas causas e efeitos da guerra. Entender que precisamos de MAIS Direitos Humanos, nunca menos. E, principalmente, que temos que mexer nas bases, ser radicais, no sentido de ir na raiz dos problemas. Não em seus efeitos.

Sobre isso, o jornal Extra fez uma série de matérias sensacionais, que merecem ser lidas. Mostram como o buraco é muito, mas muuuito mais em baixo do que o “senso comum” pensa.

Olho aberto e faro fino!

Obs: Não estou aqui querendo perdoar o moleque que matou o médico no Rio. Claro que não. Ele errou, cometeu uma atrocidade, e precisa pagar pelo que fez. O que quero dizer é que isso não pode ser a faísca para justificar a queima de direitos e o retrocesso.