Ontem o noticiário canábico nacional acordou com uma bomba: prenderam o THCPRocê. Um senhor de 52 anos que resolveu doar sua existência a militância de ensinar pessoas a cultivarem sua própria erva. Mais que isso, resolveu por a mão na massa e ajudar diretamente o cultivo de milhares de brasileiros.
O intuito? Libertar o usuário recreativo e/ou paciente, que necessita da cannabis medicinal, das garras do tráfico armado. Infelizmente parece que isso a polícia e política no Brasil não podem permitir. Um senhor de 52 anos desarticulando o tráfico de drogas internacional na América? Não… E aí pra onde vão os financiamentos que só chegam aos montes por causa da Guerra?! Se não tiver inimigo, cadê a guerra?! Parece que se meter nesse jogo custa caro.
Sem dúvida assumir que cultiva é um risco. Num país como esse onde quem carrega quilos de cocaína concorre à presidência, quem tem 100 plantas no quintal vai para cadeia. Mas cultivar, ter consigo plantas, afeta a vida dos outros em quê?!
Vender sementes é crime só porque elas são de maconha. Mas o princípio proibido é o THC, algo que a semente em si não contém e que não é certo se vai ou não vir a ter. Com uma semente de maconha enviada por correio o único mal que ele pode fazer é ao tráfico, que perde clientes. Nenhum inocente pode ser prejudicado porque sementes estão sendo enviadas por correio.
Os policiais pareceram ter algo pessoal contra o THCProcê, pois chegaram a invadir o canal do mesmo e postar um vídeo, gravado em sua casa, quase que debochando da sua prisão. O acusado, no entanto, respeitou o trabalho da polícia e, entre lágrimas, lamentou o ocorrido. O vídeo foi apagado, mas uma cópia do mesmo pode ser visto AQUI.
Não é possível que achemos normal que um homem de 52 anos vá para cadeia por tentar ajudar os brasileiros a se livrarem do tráfico de drogas. Não é possível que continuemos vendo notícias da legalização da maconha em todo país enquanto nossos principais militantes estão sendo presos.
Todos os vídeos do canal do THCprocê foram apagados. Não é possível que em plenos 2016 a polícia tenha o poder de mediar o que pode ou não pode ser exibido. Qual é o nível de censura ao qual estamos submetidos? Quantos dias esse senhor vai passar na prisão sendo que ele não vinha fazendo mal a ninguém? Pelo contrário, estava fazendo bem, a começar por si mesmo, pois fazia uso medicinal da planta.
O projeto de assinaturas e envio de sementes era audacioso, sem dúvidas. Mas se a corporação policial se sente ameaçada ou afrontada pela atitude de um senhor que em outros países seria visto como um empreendedor, porque não acontece o mesmo com os bandidos, traficantes armados, que em qualquer lugar do mundo são alvo de investigação e ação policial.
Porque tanta raiva de quem comprou sementes com o THCprocê?! Cada usuário de maconha (e somos milhões) sabe exatamente onde estão localizados os pontos de venda da droga. Ou seja, a polícia também sabe onde estão aqueles que notadamente afrontam o poder, exercendo domínio territorial e crimes de toda sorte contra pessoas, fardadas ou não. Criminosos armados afrontam a polícia diariamente através do tráfico de drogas. Não é possível que a corporação durma contente tendo prendido um senhor como o THCprocê.
Sabe-se lá que rumo esse país vai tomar. Contra quem ou quais militantes essa política contra as drogas se voltará? Nesse front, onde os soldados já são raros, parece que quem combate sem armas se sai pior. O Ras Geraldo ainda está preso. Vale lembrar: por fazer uso religioso da planta. Agora mais um, ou melhor, menos um. Mais do que torcer, temos que nos organizar, preencher os espaços e fazer evoluir uma causa que é legitima e urgente: cultivar maconha precisa deixar de ser crime.
Antiontem o THC era um homem com vida proveitosa, alguém trabalhando pela evolução de uma cultura mundial, botando a massa contra um problema real e incômodo, que é o tráfico de maconha. Hoje o THCprocê está sem sua liberdade, constando nas despesas do Estado, com uma perspectiva de envelhecer na cadeia. Quem ganhou com isso? O Brasil está mais seguro?
Uma tristeza profunda abateu a redação do Hempa com essa notícia. Havíamos trocado e-mails sobre uma parceria na geração de conteúdos pro YouTube. Ele além de dizer que é fã do Hempadão e do Torrando com Tomazine, planejava somente continuar criando: “acho que nosso trampo pode ser muito bom para o país. podemos ajudar a mudar muita coisa, conceitos e atitudes que são ultrapassadas ou fora de nosso contexto atual nesta sociedade. ensinar a plantar e a manter a cabeça erguida. ensinar um monte de coisa e ainda mostrar mais um monte para todo tipo de público. vamos divulgar a erva medicinal. fazer videos engraçados falando sobre ensinando a fazer o remédio e usando o remédio recreativamente… podemos bolar vários tipos de vídeos e mini peças teatrais nos vídeos que fazemos”, disse ele em Janeiro deste ano.
O Brasil hoje não está mais seguro. E quem perdeu com isso fomos todos nós, cidadãos brasileiros, inclusive os policiais que o perseguiram. Que algum Juiz iluminado salve a vida deste homem, pois definitivamente não se trata de um bandido. Marginal… só a nossa cultura.