Laís, 19 anos, SP [Candidata 015 – Miss Marijuana 2013]

1) Nome, idade, estado onde mora.

Lais, 19 anos, nascida em São Paulo mas moro em Curitiba.

2) Por que você acha que a maconha foi proibida?

Preconceito com várias etnias, conflitos de interesses industriais, econômicos e valores morais.
Harry Anslinger na época funcionário do governo americano na década de 30 deu o ponta pé para a proibição, autor da matéria marijuana: assassina de jovens no qual dizia: “O corpo esmagado da menina jazia espalhado na calçada um dia depois de mergulhar do quinto andar de um prédio de apartamentos em Chicago. Todos disseram que ela tinha se suicidado, mas, na verdade, foi homicídio. O assassino foi um narcótico conhecido na América como marijuana e na história como haxixe. Usado na forma de cigarros, ele é uma novidade nos Estados Unidos e é tão perigoso quanto uma cascavel.”

Uma grande mentira sem fundamentos que se espalhou rapidamente, mais tarde depois de alguns cargos a cima Harry Anslinger era o responsável pela política de drogas do país.

Mas é claro que não havia somente preconceito e sede de poder em cima da proibição, o maior interesse era o dinheiro, Anslinger era casado com a sobrinha de Andrew Mellon, dono da gigante petrolífera Gulf Oil que fazia diversos tipos de produtos a base de petróleo como: aditivos para combustíveis, plásticos, fibras sintéticas como o náilon e processos químicos para a fabricação de papel feito de madeira.

Esses produtos tinham uma coisa em comum: disputavam o mercado com o cânhamo. O cânhamo é a fibra da cannabis ela é cinco vezes mais resistente que o algodão, sua colheita é muito mais rápida e não agride o solo, ela é tão eficaz que foi usada nas caravelas de Pedro Álvares Cabral, ela não mofa é muito mais duradoura, até hoje é utilizada para fazer cordas, roupas, sapatos, e etc, da semente extrai-se um óleo muito usado para vernizes, lubrificantes, combustíveis e tintas.

A maconha tem diversas outras utilidades na indústria alimentícia, cosmética, medicinal e recreativa, mas era a indústria têxtil e mecânica que eram altamente promissoras e que atrapalhavam os negócios da Gulf Oil.

Harry Anslinger tinha um aliado poderoso na guerra contra a maconha: William Randolph Hearst, dono de uma imensa rede de jornais, William Randolph Hearst era muito influente na época, ele tinha um ódio particular com as tropas de Pancho Villa (que, aliás, faziam uso freqüente de maconha) que desapropriaram uma enorme propriedade sua. Sim, Hearst era dono de terras e as usava para plantar eucaliptos e outras árvores para produzir papel. Ou seja, ele também tinha interesse em que a maconha americana fosse destruída – levando com ela a indústria de papel de cânhamo.

Logo eles fizeram uma forte campanha contra a maconha, chamaram de marijuana para relacionar aos mexicanos, fizeram terrorismo com estatísticas sem fundamentos, espelharam mentiras como: que 60% dos crimes eram cometidos sob efeito da droga, que o fumo mata neurônios, e que a maconha causava uma raiva incontrolável.

Então os deputados votaram pela proibição do cultivo, da venda e do uso da cannabis, sem levar em conta as pesquisas que afirmavam que a substância era segura.
A maconha foi proibida não só pelo dinheiro, mas é proibida até hoje pelo preconceito, a maconha sempre foi mais apreciada pelas minorias como: mexicanos, árabes, chineses e negros. Não se pode prender um negro por ser negro, então vamos prender ele porque fuma maconha. Isso funciona como um ‘controle populacional’ e infelizmente até hoje a mídia terroriza a maconha, é normal as pessoas acharem que maconha mata e é muito difícil achar alguém que sabe que maconha cura o câncer.

Hoje em dia temos diversas pesquisas que provam os inúmeros benefícios da maconha medicinal , ela auxilia no tratamento de: AIDS, câncer, TDAH, esclerose múltipla, náusea decorrente da quimioterapia, doença de Crohn, glaucoma, epilepsia, insônia, enxaqueca, artrite e falta de apetite, dores crônicas e diversas outras doenças.

A maconha medicinal já foi legalizada em outros países como: Uruguai, Suíça, Argentina, Jamaica, Romênia, Canadá, Reino Unido, Espanha, França, Republica Tcheca, Áustria e 19 estados americanos

Com tantos benefícios por que ela continua proibida no Brasil? A resposta continua sendo a mesma: Dinheiro, tem muito ‘peixe grande’ que ganha com o tráfico, são lideres religiosos, pessoas com cargo importante na política, e é claro a policia, eles não tem o menor interesse em legalizar, eles ganham MUITO dinheiro com o tráfico, e ironicamente ganham prestigio com a guerra contra as drogas, a final de contas quantas vezes você não ouviu alguém aplaudir um policial batendo, prendendo e humilhando aquele traficante pequeno que fica armado na boca, exibem uma quantidade de buchas, pinos e pedras como se fosse um troféu, e as pessoas aplaudem como se aquilo fosse acabar com a violência, mas aquilo é a violência!

Quantas vezes você não viu um pastor oferecendo abrigo para viciados? E as pessoas acham lindo (que homem bondoso) mas não sabem que foi ele mesmo que financiou pro trafico.

‘O sistema é foda!’ O que nós temos que fazer é pressionar, mostrar que nem todos estamos a par desse esquema que nós queremos plantar, comprar e por que não vender? Queremos avanços na medicina, queremos avanços na indústria têxtil, alimentícia, mecânica, ecológica e recreativa, na verdade eu não consigo imaginar qualquer aspecto que não melhoraria e muito com a legalização da maconha, posso afirmar com todas as palavras que maconha salvaria o mundo!

3) Trabalha ou estuda? Qual sua área de atuação?

Trabalho como secretária, não estudo

4) Qual a sua opinião sobre a legalização da maconha no atual contexto político-social nacional?

A legalização é necessária, tem muita gente inocente sendo humilhada, maltratada, espancada, mutilada e tendo a vida jogada fora por conta da guerra as drogas, que já dura décadas e se fortalece cada vez mais.

O que vemos é uma enxugação de gelo que rende lucro pras pessoas erradas. Tenho certeza que você leitor conhece alguém ou já foi vitima de alguma repressão violenta, seja usuário ou traficante, quando digo traficante é aquela pessoa que vende drogas, não aquele assassino que rouba e mata pelo poder, pois este deveria ser chamado pelo seu crime principal que é o de assassinato, e não ser confundido com o traficante, pois o crime de tráfico nada mais é do que vender um produto sem impostos , eu pergunto a você: Quantos pequenos traficantes você conhece? Quantas vezes você mesmo já não repassou aquela presa pra aquele brother na laje? A questão é ‘quem nunca?’ E será que todos nós merecemos ser presos? Merecemos 14 anos de prisão em regime fechado assim como Ras Geraldinho?

Falando em Geraldinho (salve) não podemos esquecer que existem religiões que veneram a cannabis , e que outras religiões também usam outros tipos de drogas como o santo daime que faz uso da ayahuasca.

A ayahuasca é aceita em base da liberdade religiosa, o consumo individual da ayahuasca no templo é válido, mas induzir alguém a bebê-la em outro contexto não. Mas por que isso não se aplica a cannabis?

Mas o que me deixa mais perplexa é a questão do cultivo, nós growers cultivamos para fugir do tráfico violento, mas temos a pena equivalente a de um assassino.

A legalização da maconha iria gerar impostos, abrir caminhos para pesquisas medicinais, as possibilidades industriais de mercado são inúmeras, todo maconheiro é apaixonado pela maconha, não é vicio, é amor! Quem não gostaria de ter a opção de comprar diversos produtos de maconha? Desde roupa, casa, comida, transporte, decoração, remédio, cosméticos, livros e é claro diversão! Quem não gostaria de poder escolher o nível de THC da mais pura erva? Somos consumidores com grande potencial de compra, queremos controle de qualidade, queremos muito mais que um ‘cincão’ mofado!

5) Como você gosta de gastar a onda?

Gosto de ouvir música, dançar, desenhar, comer, (comer muito rsrsrrs) assistir algum filme idiota e dar risada com os amigos.

6) Uma boa música para ouvir chapada:

Uma só? Put’s sou muito eclética existem toneladas de músicas boas para se ouvir chapada, depende muito da ocasião, chapada em casa, sozinha, na balada, num luau, dançando ou metendo? Bem vou mandar uma que gosto de ouvir sozinha em casa deitada na cama: Janis Joplin – Summertime e uma pra ouvir com os amigos: Gabriel pensador – Cachimbo da paz

7) Por que você quer ser a Miss Marijuana 2013?

Os prêmios esse ano estão de cair o cú da bunda! Mas é claro que não é só isso, sou ativista, defendo a legalização com unhas e dentes! Posso afirmar com o peito cheio que a maconha salvou a minha vida!

Eu tenho TDAH (transtorno déficit de atenção e hiperatividade), sempre tive muitos problemas psicológicos, fui diagnosticada com depressão aos 10 anos de idade, com 11 eu fugi de casa, 12 eu tentei ‘matar’ a minha avó (parti com a faca pra cima dela numa briga), 13 já não ia mais pra escola, 14 tentei me matar pela primeira vez, 15 as tentativas se suicídios eram bem freqüentes, entre pronto socorro, transtornos familiares e CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) eu acabei ficando com muitas cicatrizes por causa dos constantes cortes que aliviavam a dor.

Desde que eu fui diagnosticada eu tomei muito remédio (incluindo tarja preta), uma criança com dez anos de idade tomando 5 comprimidos de Ritalina, 2 de Topiramato e três cápsulas de Fluoxetina todos os dias é o que eles chamam de ‘tratamento’ (da pra dizer que eu comecei cedo com as drogas pesadas) isso durou até os 16 que foi quando eu descobri a MACONHA.

Não me lembro exatamente quando foi a primeira vez que eu fumei, lembro só de não ter batido, mas na segunda ou terceira vez eu tava em casa com uns amigos, e foi lindo! Eu deitei na cama e dava risada! Ria de tudo, fui na cozinha comer alguma coisa e esbarrei na minha mãe, não sei dizer que cara que ela fez pois eu tava rindo tanto que não conseguia abrir os olhos.

Desde então comecei a fumar todos os dias, era a maneira mais fácil de fugir dos problemas, diferente do álcool que só fazia esquecer, a maconha me fazia rir. Larguei os remédios, aos poucos fui diminuindo a freqüência em que fumo maconha, hoje em dia fumo socialmente junto com os amigos e sou muito feliz.
Bem eu gostaria de ser Miss Marijuana 2013 para poder retribuir minha vida a maconha, gostaria de usar esse espaço de reconhecimento pra dizer que eu daria a minha vida por ela, o que eu puder fazer eu farei, ofereço minha imagem, minha voz e minha disposição para ajudar a combater o preconceito em volta da mais bela flor.

8) Qual sua opinião sobre as outras drogas?

Minha opinião sobre qualquer tipo de droga é a mesma! Legaliza. 1° que proibir já sabemos que só piora, 2° que não importa a droga, o problema está no viciado, no doente, (ai mas o crack vicia, mata e deixa a pessoa num estado degradante) era o que eu pensava da maconha antes de fumar, existe muito preconceito, particularmente eu acho o crack uma droga com um efeito incompatível comigo, tive o desprazer de experimentar mesclado (maconha com crack) quando um traficante me vendeu falando que era maconha pura ( se fosse legalizado e tivesse algum tipo de controle eu nunca teria passado por isso) logo de cara eu achei o cheiro estranho, mas não entendia muito bem e fumei assim mesmo, foi horrível minha cabeça formigava , vinha um desespero enorme e eu chorei sem saber o por que. O crack é o lixo da cocaína e se tivéssemos um mercado regular de drogas ele dificilmente seria tão disseminado, pois quase não seria produzido.

Mas há quem goste, há quem faça o uso regular sem se viciar, como eu disse o problema é o viciado não a droga. Tem gente que é viciada em sexo, a cadeia ta cheia de tarado mas não é por isso vamos proibir o sexo.

Fora o crack, sou bem curiosa, já experimentei: Cigarro, êxtase, micro ponto, cocaína, chá de lírio, sálvia , cola, dust (produto de limpeza pra computador) mas nenhum desses eu fiz uso regular.

As drogas que eu faço uso com freqüência é a maconha (é claro) , LSD e álcool , não costumo fumar cigarro nem tomar café.

Tem também as drogas que eu ainda quero experimentar como: Cogumelos, ayahuasca, argyreia nervosa, peyote, papoula… Enfim são muitas as maravilhas que a natureza nos fornece.

9) Se pudesse escolher, moraria no Uruguai, na Holanda ou prefere esperar o Brasil legalizar?

Se eu pudesse escolher eu moraria na Califórnia só pra me formar em Oaksterdam, seria muito feliz estudando, cozinhando, plantando, colhendo, vendendo… Enfim vivendo de maconha.

Mas eu gosto do Brasil, mesmo com todos seus defeitos gosto de morar aqui.

10) Há quanto tempo acompanha o Hempadão e o que mais gosta no blog?

Acho que faz uns dois anos que conheço o Hempadão, mas atualmente eu acompanho somente pelo Facebook, gosto do Hempadão por tratar de todos os aspectos da maconha, desde contato direto com o usuário até o uso medicinal