Justiça deixa mãe com recém-nascido presa por 90 gramas de maconha

A estupidez da guerra às drogas continua produzindo histórias, que algum dia, serão lembradas com asco e revolta. Em São Paulo, um bebê recém-nascido passou as primeiras horas de vida dentro da cela de uma delegacia. A mãe (ainda grávida) foi presa, acusada de tráfico de drogas, pelo porte de apenas 90 gramas de maconha.

Jéssica Monteiro, de 24 anos, foi presa na última sexta-feira (9/2) com o marido Oziel Gomes da Silva. Ao entrar em trabalho de parto foi levada para um hospital, onde o pequeno Enrico nasceu. Na terça (13), foi obrigada a voltar para a cela da unidade policial, por decisão do juiz Claudio Salvetti D’angelo.

Apenas na quarta-feira (14), Jéssica foi transferida para uma unidade prisional feminina que dispõe de berçário. Jéssica passou pelo menos três dias com o filho em uma cela de delegacia. Mesmo sendo primária e sem prova de vínculo com alguma quadrilha criminosa, o juiz decidiu manter a prisão de Jéssica.

A evidente covardia de manter uma mãe com um filho recém-nascido dentro de uma cela delegacia é algo grave, independente das circunstâncias ou do crime cometido. A situação torna-se ainda mais covarde quando analisamos o motivo que levou Jéssica para cadeia: o porte de apenas 90 gramas de maconha, apontados pelo delegado e posteriormente pelo juiz como prova do crime de tráfico.

Há quem diga que a proibição das drogas serve para proteger as famílias. No caso de Jéssica e Enrico, fica evidente que a desastrosa lei impediu que mãe e filho tenham o mínimo de dignidade neste momento tão importante.