Ice, Batalha e Mommy – Leozin X Dudu

“As vezes só quero ir pra casa pensa em uns negócios bolar um baseado”, nos vídeos em alta do YouTube!

A cena RAP está em franca expansão. Tudo bem que os primeiros lugares dos vídeos em alta de música no Brasil geralmente está na mão dos artistas de sertanejo. Antes fossem corridos verdes. Mas enquanto a moda de falar sobre a ganja não chega a outros estilos, pelo menos o Ritmo e Poesia assumiu a função de retratar a ganja no lugar onde ela sempre esteve: na atmosfera da arte, seja ela qual for.

Verdade que a temática da música é meio de ostentação e que isso é um tanto quanto lugar comum no estilo. Mas é inegável que os moleques tem a mão e fizeram um flow bacana de Trap. Se você não conhece ainda o trabalho de Leozin e Dudu, vale a pena começar por esse aê, que em menos de dez dias tá quase batendo um milhão de views. Dá mais um, pois “ela merece muito mais”:

“Falou de ice eu posso”

Leozin é um jovem MC consagrado por se destacar no cenário de batalhas de freestyle. Completou 18 anos em fevereiro de 2019, mas parece ser mesmo apaixonado pelo “ice”, que é um apelido carinhoso para o tipo de haxixe feito no gelo. A foto de comemoração foi essa aí:

Leozin fumando um em comemoração aos 18 anos – Foto: Instagram pessoal @leozin

O ice é tão marca registrada dele que a tag virou até título de um hit em seu canal! A melódica e arrependida “Chega de falar de Ice” ultrapassou dez milhões de views, provando que o maconheiro sem vergonha está surfando no hype. Voa, Leozin:

Leozin X Dudu

Dudu também um jovem MC que ganhou muita expressão através de vídeos de batalha de improviso. Com isso, galgou espaço na web, apareceu em cyphers consagradas como a Poesia Acústica #6, que explodiu 137 milhões de views em 5 meses.

Entre eles a parceria dos feats versa com a rivalidade nas batalhas. Além da Mommy saiu outro som da dupla que também está no vídeos em alta. Trata-se da auto reflexiva e apocalíptica Tudo Acaba, que é meio badvibes então não vale postar aqui.

Mas se você curtiu a vibe dos meninos, vale a pena ver um pouco da levada deles no free, modalidade que os levou a notoriedade. Vida longa ao talento nato. No vídeo abaixo, mesmo sem plateia, fica claro quem levou pra casa a disputa. Que tu acha?

Bonus Ice Track

Talvez você, assim como eu, precise de um tempo ainda para refletir sobre esse mix complexo de “riqueza” ostensiva, talento inegável na rima, “ice pra gang” e talvez o traço um tanto quanto precoce dessa turma. Em “Consequência”, Dudu solta a voz no refrão e confessa, nas suas linhas: “Ice na minha boa eu to cuspindo fogo. Não sou novidade mesmo sendo novo”, mas no clipe parece que ainda tem gente mais nova, nessa gig.

O tal do Ice Hash pode ter diferentes consistências dependendo da tela e qualidade da matéria prima utilizada

O som tá explodindo, mas vale lembrar: maconha, ou haxixe, não são substâncias a se consumir sem cautela. Um dos cuidados necessários é evitar o uso enquanto o cérebro ainda não está formado. Se não puder evitar, a ideia é que não exagere no consumo. O mesmo, é lógico, vale para o álcool ou drogas psicodélicas. O papo reto é que 15, 16 ou 17 anos (que deve ser muito parte do público e da gig deles) não é hora de mergulhar no consumo indiscriminado das drogas.

E isso é um conselho para se preservem seus intelectos, conservem seus fãs. A maconha faz baixar a visão, mas abram bem os olhos para não confundir o uso recreativo com o “caô da babilônia”, como disse o mestre Black Alien, em entrevista ao Hempa, muitos anos atrás. “Ficar rico é consequência”, é claro… mas outros adjetivos podem figurar nessa frase, caso não vençamos a batalha do auto destrutivo senso comum. Voem, garotos!