Governador Pezão quer mais guerra! E a culpa da violência é do usuário?

A guerra às drogas do Rio Janeiro tá no imaginário nacional. O leitor do Hempadão provavelmente sabe quem é Fernandinho Beira Mar, acompanhou a ocupação militar do Complexo do Alemão e assistiu o filme Tropa de Elite. Aqui o bicho pega como em qualquer lugar onde governantes ainda acreditam na balela de “um mundo livre das drogas”, mas o investimento pesado em “caveirões” e outras máquinas de mortes torna tudo mais complicado.

Apesar de todo esse investimento na repressão a guerra às drogas fracassou no Rio e nada será capaz de mudar este cenário. Mesmo assim, a classe política segue acreditando no derramamento de sangue como “caminho” para a sonhada paz. Esta semana o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, usou velho discurso de Pezão de culpar o usuário de drogas pela violência da cidade e afirmou ser contra a legalização.

“Não acredito agora ainda, eu tenho visto, acompanhado, leio muito, estudo muito, e tenho visto alguns países que liberaram maconha recuando. Estudando hoje, a própria Holanda tem muita gente defendendo o recuo, que as pessoas partiram para drogas mais pesadas. Alguns locais estão discutindo muito essa liberação e acho que a gente ainda não está preparado,” declarou o governador.

Difícil dizer qual é o pior argumento dentre os apresentados acima. Dizer que não estamos preparados? Será que estamos preparados para as operações policiais contra o tráfico, que quase sempre resultam na morte de inocentes, traficantes e policiais?

A Holanda está recuando na legalização pois os usuários estão migrando para drogas mais pesadas? Essa é difícil de achar a fonte. O que sabemos é que a Holanda está entre os países com as menores taxas de abuso de drogas mais pesadas, como a heroína. Conservadores no poder tentam restringir o comércio para estrangeiros, mas isso só rola em cidades de fronteira.

Para completar, Pezão ainda soltou a seguinte pérola. “A boca de fumo dá muito dinheiro. Uma boca de fumo da Rocinha dá R$ 2 milhões por semana. Não é trivial ter R$ 100 milhões no faturamento sem recolher imposto, sem nada, dentro da Zona Sul do Rio de Janeiro”, afirmou.

Pois é, Pezão. Para ter imposto com a venda de drogas só existe uma solução. Precisa dizer qual é?