Experiência de Viagem ao Marrocos: Habib!!

por Eric Gornik e Bebel da Bahia

Saudações canábicas leitores do Hempadão, vamos atravessar o Atlântico até o reino de Marrocos, e compartilhar com vocês as aventuras neste famoso império, rico em cores e sabores.

O voo é longo, e o sol não nos recebe, mas isso não tira o brilho, muito menos, o glamour das salpicadas montanhas de neve do alto Atlas, que despontam da janela da aeronave que nos trás aqui.

Realmente me surpreendo com a modernidade e beleza deste moderno aeroporto de Marrakesh (Marraquexe). Mal as portas se abrem, e já somos recepcionados, por um, assim chamado “gerente de taxi”.

Livramo-nos da primeira opção que nos cobrou 20 euros pela jornada e arrumamos um por 10 euros (100 Dirhams), não que este não tenha tentado nos extorquir.

Pelas embaçadas janelas do nosso taxi, o primeiro deslumbre desta cidade de tom gris salmonado. À direita, extensos campos de oliveiras, o que mais me chama atenção é, sem duvida, a Medina, com suas imponentes muralhas a cercar este feudo, que, muitas vezes, parece parado no tempo.

Não demora muito para ouvirmos as primeiras preces à Alah ecoando em uma das incontáveis mesquitas espalhadas. Vinte minutos entre carros, bicicletas, motos, pessoas e carrinhos ambulantes, até que, em uma viela qualquer, fomos despachados por nosso condutor.

Nem um sorriso, nem um caloroso “tchau”, que dirá um “seja bem vindo” (pela cara do motorista, tenho certeza que fiz um bom negócio).

Do bolso retirou roto estilhaçado smartphone, que, mesmo sem sinal, ou internet, me serve de guia por GPS. E as centenas de metros finais são feitas como em uma caça ao “Pokemón”, entre as vielas e sarjetas desta estreita metrópole.

Não demora muito para um jovem marroquino “não guia”, em seus dizeres, ofertar-se, prontamente, para nos conduzir nos metros finais do caminho, e como se não bastasse, como em um mimetismo à natureza dos sanguessugas, um outro, “bem intencionado”, se juntar ao rastro de sangue novo.

Um portal de ébano encravado em geometrias islâmicas, uma plaqueta azul e branca de nº 29 e, que de tão baixa estatura, faz-se necessária reverência para atravessar os pórticos.

Bastou colocar os pés para dentro do Hotel que nossos dois “carrapatos” já estendiam suas mãos sedentas por moedas reluzentes cobrando por seus serviços de guia ao hotel. Como não demos muita atenção, o assunto foi resolvido pelo pessoal do hotel.

Estes, por sua vez, pegaram meu dinheiro e, prontamente, retornaram ao seu domicilio. Por ironia do destino, acabamos por, praticamente, se não totalmente, ocupar esta pitoresca e escondida casa marroquina transformada em hospedagem.

Uma vez instalados a missão é comer.

Como Isabel não se opõe ao fato, em poucos minutos já estávamos comendo um couscous marroquino original, quer dizer, quase original, uma vez que a fome nos fez temperar o couscous com outra sopa, para desespero dos costumes locais.

Barriga cheia e humor alterado, circulamos em busca da praça central, onde os deleites e horrores dos homens ocorrem, dia e noite, quase initerruptamente.

A primeira cena que me salta aos olhos são as tristes cobras Najas desdentadas, juntamente, com as víboras-do-gabão largadas ao frio chão, aos pés dos pessimamente ensaiados encantadores de serpente. Seguidos dos pobres macacos trajados e amarrados para fotos com turistas.

Ainda há outras “atrações”, já mais belas, vestidas em trajes locais, tocam, dançam e rodopiam os pompons dos seus chapéus (ao estilo macaquinho do Aladim). Claro, por alguns trocados.

Aqui a regra é simples, dançou, tocou, tirou foto ou abriu um sorriso muito largo, algum dinheiro deve ser extraído destes gringos branquelos.

A missão agora é achar o que fumar, afinal de contas, não vim para o Marrocos pelos encantadores vestidos femininos, a sofisticadas tapeçarias ou os artefatos feitos de diferentes metais, mas sim, por sua mais famosa iguaria, o Haxixe.

Abordamos o primeiro vendedor ambulante de cigarros que passara por nós, e rapidamente, a palavra haxixe, transforma o semblante deste senhor, que vê oportunidade, muito melhor, de aumentar seus rendimentos do dia, do que vendendo seus cigarros de origem duvidosa.

Ele me mandou para um café, e lá pegou das mãos de um garoto, e, em plena luz do dia, sem muito lenga-lenga, ou maiores problemas, concretizamos o negócio.

É bom lembrar que aqui nada tem preço, nem mesmo, uma garrafa d’agua. Assim, apesar da simplicidade do transcrito acima, quero que entenda que o preço inicialmente era 1000 DHS, e com alguns sorrisos, cara de pidão e audácia, me custaram 200 DHS, que, ainda sim, acredito ter sido caro.

Um tablete de 6 g de um haxixe (Kiff) prensado, mas de tom castanho médio, de sabor levemente adocicado e picante não é dos mais potentes, tão pouco entre os melhores, mas cumpri o prometido.

E pelas ruas caminhamos, para lá de marraquexe, pelas coloridas lojas dos mercados berberes encrustados interminavelmente pelo coração desta cidade-murada.

Finalizamos com festival gastronômico, tipo de qualquer lariqueiro, com muitos de doces típicos, escargot, e frutos do mar aos suplicas e empurrões de todos os desesperados vendedores deste vibrante mercado, onde a única propaganda é feita cara a cara.