Entendendo o Endocanabinóide: a tal Maconha Interna!

Você sabia que todo ser humano, usuário ou não de cannabis, tem um sistema endocanabinóide?

por Paulo Cesar

A maconha é uma planta milenar. A proibição é recente, mas fez com que os estudos a respeito da planta demorassem a acontecer. Por exemplo, os primeiros endocanabinóides só foram descobertos e isolados do tecido humano em 1992. Foram eles: a anandamida e o 2-araquidonoil glicerol. A descoberta, publicada na Revista Science, por William Devane, comprova que o nosso organismo produz uma substância análoga aos canabinóides presentes na maconha.

O termo “ananda”, oriundo do sânscrito, significa “felicidade serena” ou “bem-aventurança”. Descoberto quatro anos antes, em 88, a anandamida reage com seu receptor canabinóide, chamado CB1. Já o receptor CB2 foi encontrado no ano seguinte e, junto ao anterior, compõem os principais endocanabinóides alvos de estudo.

Ou seja, embora a cannabis seja uma fonte de mais de 60 canabinoides (incluindo o THC e o CBD), a verdade é que o corpo humano também produz vários canabinoides. Basicamente, eles formam o que é conhecido como Sistema Endocanabinóide. Estes canabinoides endógenos estão presentes em todos os seres humanos e regulam funções diversas de nosso organismo.

Ao que sabe hoje em dia, podemos dizer que o sistema endocanabinóide é constituído pelo seguinte conjunto: receptores canabinóides, os endocanabinóides e as enzimas que catalisam sua degradação e biossíntese.

O que ele faz?

O sistema endocanabinóide encontra-se amplamente distribuído no sistema nervoso e em menor quantidade em tecidos periféricos. Esse sistema faz a comunicação entre o cérebro e muitas funções fisiológicas do corpo, isso explica o fato dele ser constante alvo de estudos para fins terapêuticos. Uma de suas principais funções é manter a homeostase, que consiste na capacidade do nosso organismo em manter a estabilidade do organismo, tal como temperatura corporal, níveis de água e minerais, regulação da glicose no sangue, dentre muitos outros.

Os endocanabinóides são produzidos em doses baixas por enzimas de nosso corpo. A partir de administrações terapêuticas de canabinóides, é possível ter benefícios sobre diversas doenças. A ativação do receptor CB1 é alvo de diversos estudos, pois ele tem: envolvimento na diminuição da sensibilidade aos estímulos dolorosos, efeitos ansiolíticos, atividade antitumoral, neuroproteção diante de situações de trauma e falta de oxigênio para feto durante a gravidez, modulação da ingestão de alimentos.

Já a ativação do receptor CB2 tem propriedade de reduzir danos provocados por doenças auto-imune. No organismo, os endocanabinóides estão envolvidos na regulação da ingestão alimentar, controle do nível energético das células e até no controle de humor. A seguir, pode-se observar o efeito na cannabis em outros tecidos periféricos que apresentam o sistema endocanabinóide:

“O sistema endocanabinóide reduz a sensação de dor, controla o movimento, a memória, o sono, o apetite e protege”, resumiu o pesquisador Di Marzo.

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