Dia Nacional da Maconha Medicinal e o uso terapêutico dos psicodélicos!

No dia 27 de novembro é Dia Nacional de Combate ao Câncer e, além disso, o Dia Nacional da Maconha Medicinal. Faz todo o sentido! Afinal, a maconha possui propriedades anti-tumorais, acompanhada de importantes propriedades no alívio de sintomas de alguns tratamentos do câncer. No Rio de Janeiro, nesta data, alguns coletivos e indivíduos estão organizados para promover o Dia Nacional da Maconha Medicinal. Segundo a informação do próprio evento:

“Os estudos sobre o uso terapêutico da maconha contra o câncer apareceram na década de 1970 e seguem até hoje mostrando que a planta pode ser útil no combate da doença e dos efeitos colaterais provocados pelos tratamentos.”

por Fernando Beserra

A maconha, além de atenuar os efeitos colaterais dos tratamentos de radio e quimioterapia (dores, enjoos, vômitos, tontura, sensação de queimação, falta de apetite, falta de sono, etc), também se mostrou bastante eficaz na redução de tumores cerebrais, quando utilizada junto com a radioterapia, segundo estudo da Universidade de Londres.

Nos últimos anos tenho falado pela Associação Psicodélica do Brasil (APB) no referido evento, de forma a levantar o debate que busque ampliar nossa visão sobre o tema. A proibição das drogas não promove efeitos devastadores apenas no que concerne à segurança pública, mas igualmente afasta das pessoas os usos terapêuticos das substâncias tornadas ilícitas. Arrasa toda a pesquisa científica. É o caso da maconha e também é o caso de dezenas de substâncias psicodélicas de uso terapêutico atualmente comprovado ou em fase de comprovação. Mais especificamente sobre o câncer, os cogumelos com psilocibina e psilocina, chamados cogumelos mágicos, apresentam resultados promissores na melhoria de qualidade de vida e redução de sintomas de ansiedade em pacientes com doenças terminais, inclusive câncer terminal. Portanto, é preciso que ampliemos o escopo do nosso debate e atentemos que é preciso realizar o debate sobre a maconha medicinal, porém, sempre indo além deste foco inicial.

Nos Estados Unidos o presidente da American Psychiatry Association, o psiquiatra Paul Summergrad não só tem defendido a psicoterapia com psicodélicos, como igualmente publicou artigo sobre o tema. A American Psychology Association já defendeu publicamente a pesquisa com psicoterapia com psicodélicos, inclusive como importante campo de participação dos psicólogos. No Brasil, infelizmente, os Conselhos profissionais ainda não se manifestaram sobre o tema e, mais especificamente o Conselho Federal de Medicina tem apresentado visões dignas da Idade Média.

As lutas para o avanço da regulação do uso medicinal da maconha dependeram de muito esforço. Os grupos das mães e pais que defendem o uso medicinal da maconha dependeu, antes, de todo um movimento político e científico que desse embasamento a suas demandas. Após a sua emergência, passaram a ocupar junto com diversos militantes da causa uma importante posição política neste debate. Ganham pacientes. Ganha a saúde pública.

No caso dos psicodélicos, temos muito o que aprender com o movimento cannábico e o que nos ensina toda a articulação científica e política. Hoje, infelizmente, muitos pacientes poderiam se beneficiar do uso terapêutico de diversos psicodélicos, mas padecem com terapêuticas menos eficientes [ou até ineficientes] devido a décadas de política proibicionista equivocada e iatrogênica. É momento de começarmos a contribuir com a organização dos pacientes que almejam o uso psicoterapêutico ou terapêutico das substâncias psicodélicas.

Com este entendimento a Associação Psicodélica, em seu núcleo do Rio de Janeiro, participou da 1ª reunião de organização do Dia Nacional da Maconha Medicinal e entende que esta é a hora de darmos alguns passos. Aos usuários que efetivamente buscam as propriedades terapêuticas dos psicodélicos, espero que vejam a Associação Psicodélica como um parceiro na busca da regulação destes usos terapêuticos e na melhoria da qualidade de vida e no tratamento de tantas doenças.

Estamos aqui no front… e convidamos que se juntem a nós.