Cultura canábica no polígono da Maconha!

por Roberto Jr. .:.

Nós, leitores canabicos, ouvimos muitos relatos sobre a cultura canabica na Europa, EUAs ou de países como Argentina, Uruguai e Israel, vemos aquelas belotas cristalizadas e cheia dos tricomas e imaginamos estar longe dessa realidade. Em parte sim, principalmente para quem mora no sul e sudeste do país onde o comércio ilegal de maconha prensada, que abastece 60% do mercado brasileiro, é bastante predominante. Mas em uma parte especial do Brasil essa realidade é totalmente inversa, nesta região, na maioria das vezes, a natural, a solta, o camarão, a massa, o barro, a “skunk” ou o alecrim é bem verdinho, tricomado e com um gosto cítrico e o prensadão preto passa bem de longe dos cigarrinhos da galera. Estou falando sobre o polígono da maconha que fica no sertão nordestino.

Quem nunca ouviu falar em Cabrobó ou no polígono da maconha? Qualquer maconheiro de responsa já deve ter ouvido esse nome, talvez numa roda com os mais velhos, aqueles tiozão das antigas ou com algum contador de história que ouviu sobre o polígno numa roda de alguém que ouviu em uma outra roda e por ai vai. O polígono fica localizado na região do submédio do São Francisco, ou seja, uma terra rica em nutrientes, um solzão o ano todo e um rio para banhar as plantações de maconha, um cenário perfeito para as tradições familiares de quem mora na região. Quando digo familiar é porque a cultura do plantio da erva é passada de pai para filho, é comum agricultores plantarem algodão, feijão e milho na metade do ano e na outra metade os pequenos agricultores plantam maconha para complementar a renda. Antes da proibição a maconha era vendida como remédio para combater asma e até mesmo dores, era vendida em bares e até mesmo em feiras livres no meio das hortaliças, pode botar fé! Existem registros de antropólogos falando sobre o plantio no polígono no século 19. Apesar da proibição a prática do cultivo tradicional familiar continuou, infelizmente, dessa vez se configurando como tráfico.

Como vocês devem imaginar, não deve ser muito difícil de conseguir maconha por aqui no polígono. Todo bairro deve ter algum ser que deva vender um “jogo de 10” pelo menos. Normalmente o preço varia muito também, vai depender do seu contato, da época do ano, das apreensões da polícia na época e da qualidade da maconha. Então você pode comprar 1 g a R$ 0.30, 0.50, 0.80 até 1 o real por grama ou mais. Vai depender de todos esses fatores que eu citei. Você vai ter que ir aonde o seu contato e voltar com o seu pacote pra casa, porém tem contatos que levam a erva até a sua casa, uma espécie de delivery mesmo. Também já aconteceu de me oferecerem maconha na rua, “e ai, rasta. tá procurando maconha é?”

clip_image008Apesar das vantagens do polígono, as coisas não 100% maravilhosas, aqui também tem suas desvantagens, até porque ainda é tráfico. Pode acontecer diversas coisas, desde você ser enganado pelo contato a você ser constrangido pela polícia. Falando em polícia, as coisas não são muito diferentes de outros locais do país, a repreensão é a mesma. Por causa da repreensão a qualidade da erva vem caindo e o preço subindo. Os mais velhos daqui falam que nunca vamos experimentar as ervas que eles já fumaram, alguns falam que R$ reais da erva era muita coisa a alguns anos atrás. Também por causa da repreensão os agricultores tem utilizados fertilizantes químicos para acelerar a produção, faz a colheita antes do tempo, a manicure é feita de qualquer jeito e a maconha não é seca e curada, é vendida de qualquer forma; o traficante secundário aloca a maconha para transporte em diversos locais, tanque de gasolina, junto com verduras e frutas e faz o transporte; o traficante terciário muitas vezes enterra a maconha, tem traficante que enterra maconha até em galinheiros, no quintal, coloca em cima de árvores, esconde de todo jeito que for possível. Com todo esse trajeto que a erva anda fazendo é normal que a qualidade venha a cair.

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Minha perspectiva é que as coisas melhorem para os agricultores do polígono, com a legalização tudo pode virar. O agricultor familiar é o elo mais fraco e desprotegido, planta maconha para um cara que nem conhece, ganha 200 reais no kg, esse mesmo kg que pode ser vendido até por R$ 5 mil em capitais como Salvador e Recife, ou seja, o pequeno agricultor é o que menos lucra e o que mais corre perigo. No futuro esse agricultor pode ser o que mais venha a lucrar caso a maconha seja legalizada, qual região tem um bom solo, água potável, sol forte o ano todo e growers experientes para produção em grande escala? O POLÍGONO.

Enfim, o polígono é isso, um local de plantio, de consumidores e de altos picos para fumar um, a cultura canabica é bastante forte e com a legalização, com certeza, esses quesitos vão melhorar por aqui. Um abraço marofado, galera.

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