Carlos Lopes – O Careta de Cabeça Feita!

Fundador de um dos mais importantes nomes do Rock Pesado Latino-Americano a banda carioca Dorsal Atlântica, o musico Carlos Lopes mesmo evitando a mídia por várias vezes, o mesmo topou falar com Hempadão, onde “socializa” em relação a realização do sonho de desenhar quadrinhos, colocando esse sonho na pratica com a produção de um livro contando a história da HQ. Lopes também fala do novo disco da banda previsto para o fim do ano e sobre os financiamentos coletivos que foram “acesos” e fizeram possíveis os lançamentos do CD “2012” e do livro em quadrinho. Claro que falamos sobre maconha, mas esse nem é o “Barato” da conversa, pois o “Tapa” fica forte mesmo quando o assunto é o cenário politico nacional, com o músico assumindo sua postura e não parado em cima do muro, mas indo a luta. Então chega de “Enrolar” e vamos “Passar essa Bola”…

por Michael Meneses

 

1 – Ao longo dos anos você revelou que desenhar quadrinhos sempre foi um dos seus sonhos. Como é colocar o sonho na prática?

Carlos Lopes: Para te falar a verdade, nem tenho palavras… O sentimento de estar preparado para realizar o sonho da sua vida após 40 anos não tem preço. É reconfortante, te enche de esperança assim como é mágico e tudo isso baseado na cooperação entre público e artista. Eu poderia ter lançado um livro de quadrinhos antes, até mesmo através da internet, mas aprendi com a carreira a não dar ponto sem nó. Os quadrinhos precisavam ser viabilizados por via direta através do público e sem a ingerência de quem quer que fosse, imprensa ou mercado. Acredito nesse formato e estou me fazendo através dele. O apoiador te diz se quer ou não e ponto final, sem assessoria de imprensa ou espaço comprado na mídia. Isso é ser independente e acreditar na via democrática e socialista de criação e veiculação da arte.

2 – O que os fãs da Dorsal podem esperar desse livro? E o que você acha que ele vai despertar nos apaixonados pelos quadrinhos, mas que não são fãs da banda?

Carlos Lopes: Em primeiro lugar, os fãs foram o fiel da balança, pois eu poderia ter escrito um roteiro, como tenho, sobre a deposição do império, mas optei por contar a história da Dorsal Atlântica como um pacto de agradecimento e vínculo emocional. A Dorsal mudou a minha vida e mudou a vida das pessoas que a amam. Poder contar uma saga de 30 anos com imagens lúdicas, metáforas, e formas imagéticas, que somente os quadrinhos e o cinema são capazes de realizar não tem, literalmente, preço.

3 – Quais são suas influências nos quadrinhos?

Carlos Lopes: O mundo dos quadrinhos mudou bastante desde a “minha época” no final dos anos 60 até hoje. Quando me interessei por música perdi o interesse em desenho e creio que em 1980, parei de ler quadrinhos. Há dois anos, comprei uma mesa digitalizadora e fui pegando gosto de novo em fazer traços. Foi como voltar a andar, sem demagogia. Quando me dei conta estava desenhando direitinho e a partir daí me considerei pronto para o desafio. Estudei muito template na internet até me certificar que não deveria copiar ninguém, mas ser a mesma pessoa com as mesmas influências até 1980. Daí retornei a três fontes primárias: Will Eisner, Moebius e os desenhistas brasileiros, portugueses e argentinos, etc… dos anos 60 e 70, mas sem nunca deixar de criar do meu jeito e sem qualquer dogma prévio. O que produzo neste momento mescla poucas influências e muita liberdade estilística, realismo e caricaturas, tudo com um só pincel que demorei meses para escolher. Queria que o pincel fosse um filho dileto das pinceladas de Jayme Cortez, Eugênio Colonnese e Flavio Colin.

 

 

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4 – Ao longo da sua história você desenhou capas de discos e fez outros trabalhos. Fale sobre esses trabalhos.

Carlos Lopes: Meu talento natural foi desenhar, o que faço desde os 4 anos de idade, e meu primeiro sonho foi ser autor de quadrinhos, mas não me empenhei o suficiente e quando recebi um não ao mostrar meus trabalhos (ruins, diga-se de passagem) a uma editora, creio que a Editora Ebal ou Rio Gráfica Editora, não consigo lembrar, desisti e me pus a pensar duas vezes. Então, conheci os Beatles e decidi ser outro tipo de artista. Troquei os pinceis pelas cordas. Quando as canções já não eram mais suficientes escrevi livros, alguns deles ainda inéditos. O primeiro livro, por acaso sobre teorias conspiratórias associadas à política brasileira do pós-segunda guerra se chama “O Segredo J” e que está disponível neste link.

5 – A história em quadrinhos sobre a Dorsal Atlântica é mais uma campanha vitoriosa por meio de “crowdfunding” envolvendo o nome da banda (o CD 2012 e o documentário sobre a banda foram os dois). Isso mostra o “peso” do nome da Dorsal Atlântica no mercado independente. Fale sobre o potencial de mercado da banda?

Carlos Lopes: Só para esclarecer: a captação de recursos para o documentário não era um projeto da banda, mas por razões lógicas, o público o associou à Dorsal, o que sempre foi um engano. Infelizmente o produtor do filme nunca se deu ao trabalho de esclarecer essa diferença desde o princípio. Um filme sobre nós não é um filme nosso… Meu envolvimento com captação de recursos para viabilizar projetos artísticos teve início há mais de dez anos. Inscrevi vários e ganhei um para gravar um DVD, mas ao tentar, ingenuamente e sozinho, captar recursos ouvi: “Se você fosse a Ivete Sangalo…” Ou seja, entendi que não daria para captar porque eu era um Zé Ninguém. Um projeto como a Lei Rouanet ou leis de incentivo à cultura deveriam privilegiar o artista independente que o mercado não absorve, mas quando vejo Circo de Soleil e Rock In Rio ganharem, passo a desacreditar na boa fé… Mas o pior é quando a Claudia Leitte com dois Ts recebe o selo governamental para captar recursos para lançar um livro sobre ela com “entrevista inédita!” A culpa, diga-se de passagem, nem é da Claudia e do seu séquito, é de quem autorizou essa excrescência. Só me cabe crer que a usaram politicamente com um objetivo claro, a usarem como bode “expurgatório”… Talvez gente do governo tenha autorizado a captação do livro da Claudinha para mostrarem o ridículo da situação à opinião pública, e aí sim poder mudar a lei para melhor, ou seja, atender ao artista sem assistencialismo. O crowdfunding foi a decisão a seguir, após ter tentado captar… Mas daria certo? Seria um tiro no pé? As dúvidas não me impediram de dar a cara a tapa. E a campanha me ensinou ainda mais sobre como a mediocridade de algumas pessoas… gente que fala demais, teoriza demais e não sua a camisa. Ao lançar a campanha para gravar um CD em 2012 li algumas críticas que fariam o Cabral se revirar no caixão dizendo: “Mas este é o povinho que há nesta terra que eu descobri, ô pá!”. E eu teria respondido: “Não, seu Cabral! Tem um monte de ignorantes, mas há gente boa, sim!” E aí dançaríamos o Vira dos Secos e Molhados!

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6 – Por que o CD “Imperium” (de 2015) não saiu por financiamento coletivo?

Carlos Lopes: Porque graças ao financiamento do álbum anterior, a banda voltou a ser interessante e fui procurado por uma gravadora, no caso a Heavy Records.

7 – O que aconselha aos artistas que estudam a possibilidade de lançar um trabalho via financiamento coletivo virtual?

Carlos Lopes: Em primeiro lugar, você precisa ter uma base de apoio. E mesmo assim, o que aprendi com a campanha de 2012 e a de 2016 é que quem apoiou a de 2012 não apoiou a de 2016… Foram diferentes grupos de pessoas que financiaram as 2 campanhas. Os interesses foram díspares apesar de se tratar de um só artista. Dar tiro no escuro é sempre um risco, mas a liberdade de escolha é do cliente.

8 – No momento, a Dorsal trabalha em seu novo disco. O que você pode adiantar sobre esse novo trabalho?

Carlos Lopes: Será o meu disco vingador, parafraseando o escritor Euclides da Cunha. Determinado a assumir o papel de libertador de mentes, adianto que o disco inaugurará um novo estilo de música pesada, não mais nos moldes convencionais. Um estilo brasileiro, não colonizado, não globalizado, não serviçal. Nunca mais ceder ao opressor cultural. Meu papel de artista é revolucionar, liderar as mudanças e escrever a história com as próprias mãos. Parado, não posso ficar. Aceitar o erro, não posso aceitar. Em meu sangue convivem o português desbravador de oceanos e o nordestino guerreiro. Só me resta lutar.

Banda Mustang - Foto Michael Meneses9 – Nos dez anos em que a Dorsal esteve “parada” você montou outras duas bandas, a Mustang e a Usina Le Blond. Ainda veremos trabalhos dessas bandas?

Carlos Lopes: Após décadas gravando metal e punk senti a necessidade de expandir minha arte para além de um único estilo musical. Compus e gravei rock com baião, soul music, mpb, e tropicalismo. Essa santa busca me proporcionou a melhor das descobertas: não ser o brasileiro colonizado, “antenado com as últimas novidades geek, tech, media”, mas o brasileiro que chora perante a banda de Pífanos de Caruaru, que chora ao ver as baianas da escola de samba entrar em quadra e que sente dentro do peito crescer a alma que não pode mais ser contida. Essas bandas são parte integrante de mim, assim como a Dorsal. Não há 3 bandas, há uma alma grande que tudo abrange.

10 – O que acha da já tradicional Marcha da Maconha? Acredita na Legalização da Maconha?

Carlos Lopes: Em primeiro lugar, essa não é uma causa minha. Quando prego a liberdade de pensamento, e se há liberdade mesmo, pois deveria haver, o seu direito acaba quando o meu começa o meu e vice versa. Que haja equilíbrio, sempre. Direitos e deveres. E quem regula é a sociedade, que pode ser influenciada, a “mudar de opinião”. E opiniões, diga-se de passagem, são passionais e parciais, ainda mais sem o profundo conhecimento das questões. Eu não quero alguém baforando na minha cara, nem cigarro, assim como tenho horror de gente bêbada… Há toda uma indústria que enriquece com o que é proibido, desde drogas “ilícitas” (pois as lícitas estão aí), aborto, prostituição infantil e tráfico de armas. Fora outras drogas como Geisy Arruda, Nicole Bahls e Bruna Surfistinha. O ser humano em essência é mal. Ninguém precisa procurar na Bíblia o diabo porque ele está dentro de nós. O que nos impede de nos devotarmos às trevas é o discernimento.

11 – Falando em Marcha… Vamos falar de política. Como você ver a atual situação política brasileira?

Carlos Lopes:Resultado de séculos de mentiras ditas e reditas, tão bem entranhadas na cabeça dos inocentes úteis que até o chefe da propaganda nazista, Joseph Goebbels, bateria palmas. A democracia está em risco quando vazam informações para atingir um determinado grupo político em detrimento do acobertamento de outro apoiado pela mídia golpista. Foram esses golpistas que afundaram o país em uma crise institucional. Acusar um partido de roubo é assinar atestado de burrice ou má fé. Não há acordo político sem troca de favores ou compra de votos. O senhor Fernando Henrique sabe bem como se faz, basta perguntar a ele. Brasileiro é tão honesto que só para citar um exemplo, 120 mil carteiras de motorista foram vendidas nos últimos anos. Acreditar que a saída é rasgar a constituição e entregar o país aos golpistas me dá ânsia de vômito. Pelo menos, interpretem a peça direito com aparência de legalidade… Não precisa ser tão cara de pau e usar os mesmos velhos golpes promocionais de 1954 e1964.E essa passeata do dia 13 de março de 2016 contra a “corrupção” na verdade é uma velha tática para antecipar o futuro golpe como ocorreu em 1964 com o nome de Marcha por Deus pela Família pela Liberdade. Saibam que um dia, mais cedo ou mais tarde, todos colherão os frutos da desgraça que caíra sobre todo o país, porque os filhos dos que participarem de passeatas como essas do dia 13, data fatídica, não vão parar de cheirar e de dar um dinheirinho para a PM e os guardas de trânsito. Não pararão de corromper e de desrespeitar o povo.Merda por merda é melhor apurar os casos de corrupção sem os malditos vazamentos seletivos criados para fazer a cabeça da opinião pública. Vazamento configura espetáculo global por audiência. Os juízes comportam-se como estrelas globais quando ninguém sabe quem vazou o quê… As conquistas sociais postas em prática pelo PT pertencem a todos, não podem ser demonizadas. Meritocracia é papo conversinha de amaciados com a elite. Isso não existe no Brasil, aqui não há mérito de porra nenhuma, quem trabalha, quem pega no pesado só se fode, por isso as conquistas da classe trabalhadora são intocáveis, até para manter algum equilíbrio social. A Petrobrás é intocável. Nada disso tem a ver com corrupção, mas com a entrega desse país aos americanos. Essa é a grande vingança do Paraguai e pela qual eu me rejubilarei. Tudo de merda que falam sobre o Paraguai será repetido: um golpe e o Brasil se tornará não mais uma liderança, mas um Porto Rico de merda, colônia fétida. Iludem-se os participantes dessa marcha de gente mal amada. Na hora que os traidores assumirem o poder, aí é que nunca mais veremos ouviremos falar do helicóptero de cocaína e da merenda desviada em São Paulo. Tenho vários amigos que divergem de meus pensamentos, que não creem em golpe, em fim da democracia, que fazem pouco de meus temores, mas se assim o são é porque não têm nada a perder. Vão continuar batendo papo furado, tomando choppinho e mitando por aí, curtindo o seu hedonismo liberal numa nice, numa boa e sem dar nada em troca a ninguém a não ser consumir lixo norte americano.Eu não… Eu tenho tudo a perder: a crença em um país justo em que todas as etnias convivam, sem mais guerras civis como a que ocorre entre comunidades e a polícia do estado… Só tem guerra entre o Estado Islâmico e a Civilização Ocidental? Não! Há guerra há anos pelo comando do mercado das drogas. Sabe quem matou de verdade o Amarildo? O filho da puta que comprou cocaína e que financia essa merda toda!

12 – Em sua opinião, quem são os heróis e os vilões da politica brasileira (vivos ou mortos), quem faz falta e quem não faz falta?

Carlos Lopes: Para quem me conhece não é novidade que meus heróis, por assim dizer, são os que a direita odeia: Darcy Ribeiro, Paulo Freire, Apolônio de Carvalho, Celso Furtado. Para não ficar só no passado, há gente boa na política hoje e posso citar alguns nomes como Alessandro Molon e Chico Alencar e sem dúvida, quem mais falta e que deveria ter sido nosso presidente é Leonel Brizola.

13 – Você é artista, jornalista e esteve na manifestação contra a Rede Globo neste último domingo (6/3/2016). Qual sua visão em relação a cobertura jornalística do atual cenário politico nacional?

Carlos Lopes: Após a participação na passeata, me perguntaram se eu não tinha medo de ter minha carreira prejudicada porque a Globo e o Rock in Rio, por exemplo, são uma coisa só… Em primeiro lugar, minha carreira nunca serviu para lamber botas e se eu for prejudicado, isso não é novidade para mim que já fui, e muito boicotado, por gente do dito underground como gravadoras, promotores e bandas. Merda não existe só na Globo… Assista ao jornal da TV Brasil e assista aos outros… Parecem dois mundos diferentes. E a “oposição” que por acaso perde o seu tempo me lendo poderia argumentar, mas o telejornal do governo só fala bem dele… Então, meu amigo, você não o está assistindo… O Jornal da Globo, principalmente esse, prega o golpe diariamente, insufla o ódio, perpetua só o lado negativo, reforça o maniqueísmo. É o mesmo golpe midiático usado pelas oligarquias em 1954 contra Getúlio Vargas e contra Jango Goulart em 1964! Quem financiava a oposição brasileira contra JG? Quem financiava o malfadado IPES que produzia curtas para serem exibidos antes dos filmes nos anos 60? Os Estados Unidos. Quem enviou porta aviões, combustível, militares e armas ao Brasil em 64 para nos transformar em Coréia e Vietnã? Por causa desse mantra continuado golpista cuja única meta é perpetuar o poder das oligarquias, a classe média assustada e desinformada, para não dizer ignorante, se arvora em aplaudir telejornal! Onde já se viu isso? Aplaudir Big Brother eu até entendo, pois mostra o baixo nível mental, mas aplaudir telejornal!!! Onde fomos parar? É o resultado de décadas de lavagem cerebral, filmes idiotas, enlatados lixo e nenhum estudo!

14 – Voltando ao Rock, mas ainda sobre politica. Nesses tempos atuais, ressurgiu uma velha discursão. Onde se questiona se o Rock é de Esquerda, de Direita ou se é apolítico. Qual sua visão sobre esse questionamento?

Carlos Lopes: Usar o termo “o rock” já é um problema sério…O que é rock? A origem diretamente ligada à música negra? Rock é a reinvenção estética inglesa dos anos 60? Rock é a faca que matou o jovem negro em Altamont no concerto dos Rolling Stones? Rock é um rótulo no qual cabem dogmas pseudo religiosos como metal, hippie, punk, indie ou prog? Rock é tudo isso ou não é nada disso? Rock hoje sem sombra de dúvida é um gênero alienado. Já li várias teses e livros sobre o que é rock e aceito que em sua essência ele é sexualmente feito para carnavalizar a alma, ou seja, de certa forma “alienado”, mas nesse caso em um bom sentido, pois dançar pode ser um escapismo contra toda a opressão, mas certamente não é solução… Solução é quando artistas como eu se posicionam, pois em nome da liberdade de expressão o pensamento direitista encontrou no rock um terreno fértil para se infiltrar nas almas dos inocentes úteis. Sempre digo e repito: vá estudar!

15 – O mundo do Rock e da Cultura anda tendo suas baixas. Duas delas foram Lemmy e o David Bowie, ambos foram influentes em sua arte. O que tem a dizer sobre ambos?

Carlos Lopes: Comparando os dois personagens, um parece ser a antítese do outro, mas acredito serem seres complementares. Ambos ingleses ambos grandes influências. Quando esses 2 artistas morreram, em meio a outros tantos como o Júpiter Maçã, entre dezembro de 2015 e janeiro de 2016, refleti bastante sobre a vida. Ainda sou o cruzamento genético de ambos a depender da fase, muitas vezes sou mais um e menos outro. Lemmy era o cara simples, direto, não intelectual, sem rodeios, o cara das botas e chapéu de caubói, quase brega e de pau duro, macho, autor de músicas simples e pesadas; Bowie refinado, intelectual, excepcionalmente criativo, ator, produtor, personagem, ET, hermafrodita. Sendo muito didático, a Dorsal é cria de Lemmy e o Mustang de Bowie. Mas hoje, as diferenças já não importam. É tudo uma coisa só.

16 – A “Ponta” tá chegando ao fim, e não podemos deixar de perguntar: Quando veremos a Dorsal Atlântica de volta aos palcos, o que daria uma chance para um DVD ao Vivo da Banda?

Carlos Lopes: Em 2016 tenho dois planejamentos em relação á banda: entregar os quadrinhos sobre a história da Dorsal até agosto ou setembro de 2016 e em seguida gravar o disco vingador. Não tenho cabeça para pensar em mais nada nesse quadro político dantesco que nos cerca. Eu não consigo levar uma vida “normal” e agir “normalmente” sabendo o quem está acontecendo. Não nasci para ser um merda.

17 – Deixe sua mensagem final aos leitores do Hempadão?!

Carlos Lopes: Quando estava em mutação de moleque para moleque adolescente, ouvi uma banda meio carioca meio cearense chamada O Peso, cujo hit continha essa reflexão: “Com a cabeça feita pra não dar bandeira, a cabeça feita não marca bobeira.” Pois é… Fiquem espertos. Meu pai morreu de enfisema pulmonar, tá?