Por meio da Spectrum Therapeutics, sua marca global para pesquisa, operações na área médica e distribuição de produtos medicinais derivados da cannabis, a companhia canadense, cujo valor de mercado ronda os US$ 15 bilhões, acaba de inaugurar nova sede em São Paulo (SP) e tem planos de estabelecer, no futuro, uma operação fabril no país. Na Colômbia, onde esse passo já está sendo dado, os investimentos chegarão a US$ 150 milhões.
por Stella Fontes,
no Valor
O plano de negócios para o Brasil depende justamente das normas que forem editadas. No Canadá, por exemplo, foi estabelecido que a venda do produto é feita diretamente ao paciente. Mas o acesso poderia se dar também via farmácias caso a regulação autorizasse. Também é preciso ter clareza quanto às regras para pesquisa e cultivo, que vão determinar o modelo de negócios a ser seguido.
Inicialmente, o plano é trazer para o país três dos seis produtos disponíveis: Amarelo – os produtos têm nome de cores, daí a marca Spectrum -, de alto teor de canabidiol (CBD) e pouca presença de tetraidrocanabinol (THC); Azul, de teores bem equilibrados; e Vermelho, no qual prevalece o THC.
Conforme Ozi, a empresa calcula que há no país 1,7 milhão de pacientes que poderiam ser atendidos com o portfólio atual da Spectrum. A meta é alcançar uma participação de mercado de pelo menos 25%, como acontece no Canadá. Naquele país, de um total de 400 mil pacientes, 100 mil utilizam os tratamentos da Spectrum.
A incursão do grupo Canopy na América Latina começou a ganhar corpo em julho do ano passado, com o início das atividades na Colômbia, país cuja regulamentação para importação de insumos e produção de medicamentos baseados em cannabis é mais avançada. Ali, a Spectrum tem uma fazenda para cultivo da planta com 160 hectares e, no fim deste ano, começará a construir uma fábrica.
O segundo destino na região foi o Chile, onde a legislação para pesquisa e desenvolvimento nessa área também é avançada. Em janeiro, a empresa abriu seu terceiro mercado latino-americano, o Peru. “As operações vão aonde está a legislação”, afirmou Ozi. Ao mesmo tempo, o grupo canadense acompanhava já há alguns anos a evolução dos debates em torno da regulamentação no Brasil, que, apesar de responder pelo maior potencial de mercado, ficou na lanterna das discussões na América Latina.
Ao longo de 2019, a Spectrum promoverá cursos e seminários com médicos e associações de pacientes no país, para ampliar o conhecimento sobre seus produtos. Ainda neste ano, espera iniciar estudos clínicos localmente para dois deles. E, se tudo correr bem e a regulamentação for consumada conforme o esperado, chegar a mercado pode ser uma realidade em meados 2020. “Há necessidade de controle, para que se tenha segurança e garantia de eficácia. Então, o órgão regulador terá de ter capacidade de rastrear o produto desde a origem”, ponderou Ozi.
Com vendas líquidas de US$ 64 milhões no terceiro trimestre do ano fiscal de 2019, que está prestes a terminar, a Canopy Growth tem dez unidades licenciadas de produção de cannabis e duas lojas da marca Tweed. No fim do ano passado, recebeu um aporte de US$ 4 bilhões da Constellation Brands (da cerveja Corona), ganhando fôlego para seus planos de expansão. Há um mês, comprou por US$ 343 milhões a alemã C3 Cannabinoid Compound e ampliou presença no mercado europeu.
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