Canabidiol no Fantástico: Manipulação da Maconha Medicinal!

15826_783909421665447_5715637724168784660_nTodo mundo já estava sabendo que a legalização ó viria mesmo conforme todas as revoluções atuais: motivadas pela grana, ou melhor, movidas pela força incontrolável do capital. Mas é sempre curioso ver o caminho que essa história vai tomar, pelo menos aqui no Brasil.

Centenas de famílias já fazem o uso do remédio a base de maconha. Milhões de pessoas ficaram sabendo disso através do Fantástico do último domingo. Apesar do grande avanço para a causa, a matéria tem um viés interpretativo perigoso. O usuário do remédio é visto como vítima (não só da doença, mas quanto a dificuldade de conseguir seu medicamento); enquanto a origem da droga é em duas vias: ou arcar com caríssima importação, ou se arriscar pelos perigos do cultivo caseiro.

Quem acompanha o Hempadão sabe que o maior risco de uma planta de maconha em casa é a polícia. Se você lê as postagens de cultivo, já deve ter percebido que não é impossível florescer uma variedade certa de cannabis e produzir seu próprio remédio. Na reportagem, apesar de aparecem plantas, o clima dos bravos militantes é de total criminalização.

Enquanto a própria narrativa se encarrega de dar uma solução “mais simples”, para quem precisa urgentemente do remédio: aí entra o depoimento do Dr. Crippa. Primeiro dizendo que “nunca daria o remédio feito artesanalmente para o seu filho”, mas ué, como assim? Se não tivesse oito mil reais para importar o CBD, ele iria se negar a recorrer ao medicamento doado? Será que vendo um filho morrer ele faria mesmo isso?

Ou talvez ele esteja, com essa declaração, somente sublinhando a necessidade de se regulamentar a produção. Nisso concordamos, mas daí deixar de usar o remédio que tá fazendo efeito, só por ele ser fabricado em casa, é duvidar na inteligência coletiva. Uma simples enquete provaria que a esmagadora maioria das pessoas usaria (ou usa) o remédio feito artesanalmente.

imageO Crippa é apresentado como o maior nome sobre o assunto. Estranho não ser apresentado como detentor da patente do CBD, como podemos ver aqui. Se você for olhar a história da evolução da maconha medicinal ainda mais de perto, vai ver que um simples zoom esconde um boom de mistérios capaz de fazer pensar: será que é pela saúde das pessoas? Vale a leitura do excelente artigo do Projeto Charas: Por dentro da etiqueta azul.

Se, mesmo quando o assunto não é maconha, a indústria farmacêutica já tem uma culpa no cartório imensa. Imagina quando se fala de uma medicina proibida? O lobby cultural a favor da proibição da maconha parece nunca perceber o favor que faz aos interesses das grandes fábricas de doenças e “cura”. O que nos faz perceber que ainda estamos distantes de uma regulamentação da erva com foco na saúde pública e cidadania tanto de usuários quanto médicos que precisam deste conhecimento para tratar seus pacientes, assim como produtores, que tem em mãos a chance de salvar vidas mas precisa se esconder como bandido.

Se você não viu a matéria do Fantástico, aviso que não perdeu muita coisa. Vale mais a pena ver a galera do Jornal Canábico ensinando o passo a passo da fabricação do CDB:

Infelizmente, a impressão que dá é que não querem desfazer o erro histórico que enlaça a cultura da planta nos tempos modernos. Preferem fingir que estão sendo descobertas cada vez mais formas de se usar a ‘droga’ como ‘remédio’. O ato de fumar nem sequer foi falado, quando se sabe amplamente quem em alguns casos os efeitos da fumaça funcionam muito bem.

Enquanto isso, por mais alguns anos, pra alguns a mídia chama os médicos, para outros a polícia. Assim como três jovens estão presos por causa de um pé de maconha, mas até hoje ninguém foi preso pelo helicóptero com cocaína. Desigualdades, não por acaso.