Buscando a luz no fim do túnel

por Tales Henrique Coelho

image

Quem acompanha minhas colunas deve ter reparado que ando meio pessimista em relação ao futuro da política de drogas brasileira. Isso porque, além de termos um Congresso conservador guiado pelo senso comum raso, é fácil constatar que mesmo entre quem defende a legalização tem ganhado força discursos mais ligados ao moralismo e ao retrocesso do que se espera.

E a isso somam-se notícias como a repressão à Marcha da Maconha de Maceió no último fim de semana, e a proibição pelo governo de SP da campanha “da proibição nasce o tráfico”. (Para saber mais sobre a campanha, clique aqui)

Nos dois casos, os governos de São Paulo e Alagoas atentam contra a própria Constituição Federal, que garante o direito de qualquer um defender a legalização. Liberdade de expressão e de manifestação, garantida pelo STF.

Mas, sabendo que no Brasil o que vale é o que pensa a ‘opinião pública’, e não exatamente o que diz essa tal Constituição, esses políticos agem para travar o debate democrático.

Um proíbe charges, outro reprime manifestação legítima garantida pelo STF. Fazem isso sabendo que a grande massa amorfa do senso comum vai aplaudir.

Afinal, os chargistas estão “defendendo bandido”, e os manifestantes “fazendo vagabundagem na rua”.

E depois ainda temos que ver gente que vai à Marcha aplaudindo junto com essa gente discursos semelhantes, só que dirigidos a outros grupos. E praticamente me xingando de “petralha” por dizer isso.

Mais do que os políticos, de quem já esperamos o pior, o que tem desanimado é ver as pessoas tão perdidas. Querem lutar por uma causa como se ela não estivesse relacionada a milhares de outras. Como se política de drogas, Direitos Humanos e outras lutas não tivessem nada a ver.

A gente precisa superar esse estágio em que o debate público se encontra no Brasil. Que, na verdade, impossibilita o debate. Essa onda de “eu tenho minha opinião, ela é minha e não vou mudar”.

Sob pena de acabarmos sendo um dos últimos países a acabar com a Guerra às Drogas, assim como fomos um dos últimos a abolir a escravidão.

Não seria de espantar, pra um País que cogita aprovar um nefasto “estatuto da família” em pleno 2015.

Sugestão de leitura (pra quem chegou até aqui): artigo “O império do senso comum