Adeus, Marcelo Yuka!

Em entrevista à Folha de São Paulo, nos idos de 2012, a reportagem questionou a Marcelo Yuka sobre se ele ainda sentia dores no corpo mesmo após 12 anos de ter recebido nove tiros. A resposta surpreendeu: “Muita. Até o último dia vai ter essa briga. Nunca fui usuário de droga, mas meu médico me sugeriu. Há pesquisas interessantes sobre a maconha em relação à dor do câncer. Daí descobri o uso medicinal da maconha”, hábito que lhe acompanhou até os últimos dias.

Após sofrer mais um AVC no começo deste ano, Marcelo Yuka não resistiu e acabou falecendo no hospital, aos 53 anos, na sexta dia 18. Mais uma grande personalidade do mundo da música e do pensamento nos abandona. 

Fundador do grupo O Rappa, Yuka acabou afastado da banda. Mas permanecerão vivas para sempre suas composições a história há de fazer justiça a esse grande nome. “Minha alma”, “Me Deixa” e a emblemática “Todo camburão tem um pouco de navio negreiro” são provas imateriais de sua existência. Enquanto o mundo for mundo e falarem português, lembrarão de você, sobrevivente da violência, símbolo de força e inteligência.

A morte é sempre triste. A perda é sempre sofrida. Mas o descanso dessa alma é merecido e comemorado pelo âmago que intui o fim da dor. Vá em paz, Yuka.