Não Existe Maconha Sintética

Quem acompanha o Hempadão já sabe disso há muito tempo. Mas dessa vez não sou eu quem está falando e sim o sindicato dos farmacêuticos. Devido a enxurrada de notícias nas últimas semanas sobre casos relacionados à chamada droga K (Spice, K2, K4, K9 e etc) uma nota foi emitida e espalhada nos veículos especializados da indústria farmoquímica.E o que dizia a nota? Basicamente que maconha sintética não existe e ponto.

“Não existe maconha sintética! A maconha é o nome popular atribuído à Cannabis sativa, uma planta que produz naturalmente princípios ativos chamados de fitocanabinoides, entre os mais conhecidos estão o D9-THC e o CBD (canabidiol)”, explica o início do texto, divulgado em junho de 2023. A seguir a nota vai dar detalhes do que é e como são feitas essas substâncias sintéticas análogas à cannabis.

Os chamados canabinóides sintéticos passaram a ficar populares a partir da década passada. Segundo os profissionais de farmácia, a droga é borrifada à ervas aromáticas que possam ser fumadas, para imitar a forma de uso mais difundido da maconha.

Apesar de não muito comuns, existem outras formas de distribuição da droga K, “como impregnado em papéis, selos, doces, spray” e outros. Era só essa que faltava. Depois do advento nefasto do NBOME, a galera estar espalhando doce de K2. Será?

Os tais “canabinoides sintéticos” são compostos por centenas de substâncias químicas diferentes. E como é ilegal, significa que a composição não é fixa, o que pode acarretar em diversas variações na posologia da droga. Mas o mais importante é que, segundo o documento publicado, “do ponto de vista químico, essas substâncias sintéticas não são estruturas semelhantes ao D9-THC e outros cannabinoides naturais”, ou seja, meus caros… não é maconha.

Bem… mas então porque ainda assim chamam essas substâncias de “canabinoides sintéticos”? A resposta para essa pergunta também está na nota, no ponto número 6. O texto explica também o motivo pelo qual os efeitos dessa droga podem ser tão nocivos à saúde humana.

“6. Estas substâncias são conhecidas por canabinoides sintéticos pois atuam nos

mesmos receptores (estruturas moleculares presentes no organismo e que

coordenam as funções celulares) que o D9-THC, porém com uma afinidade muito

maior do que este. Como consequência desta maior afinidade, os canabinoides

sintéticos são dezenas ou até centenas de vezes mais potentes do que princípio

ativo presente naturalmente na maconha, podendo provocar efeitos drasticamente

mais intensos e perigosos para o usuário desta droga”.

No entanto, mesmo com o aviso claro de perigo, o ponto seguinte é apaziguador, e afirma: “nenhuma droga faz alguém virar zumbi”. Afastando a droga das alegações falaciosas sobre o caso em que 33 pessoas teriam virado ‘zumbi’ ao fumar canabinóides sintéticos. A nota explica que o princípio ativo causador do surto foi outro, não o K.

O que se percebe é que a ilegalidade traz brechas sombrias ao mercado da maconha. Eles tentaram imitar em tudo, ao invés de Cannabis, chamaram de K. Fizeram uma mistura que consegue agir no sistema endocanabinoide, mesmo sem ser a cannabis. Deram um jeito de fazer o negócio ser fumável, mesmo sem ter conteúdo vegetal.

Mas a verdade uma hora chega à tona.

E é melhor a população se acostumar com a cannabis, para não precisar se precaver contra o terror das inovações sintéticas.