Pesquisadores pedem liberação de medicamento derivado da maconha

Fonte: G1

Pesquisadores da USP fazem uma campanha para que a vigilância sanitária libere um medicamento derivado da maconha. O Canabidiol é usado em pesquisas para tratar pacientes com doenças graves.

Os pesquisadores da USP de Ribeirão Preto estudam os efeitos terapêuticos do Canabidiol há mais de 35 anos. A substância natural é um dos 400 compostos da cannabis sativa, a planta da maconha. O composto já é testado nos casos de ansiedade, de câncer e doenças neurológicas.

Os cientistas pediram à Anvisa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, que reclassifique o Canabidiol como medicamento de controle especial. “A reclassificação não tem nada a ver com o registro do Canabidiol como droga, isso é um outro processo, um outro nível de exigência”, explica Antônio Waldo Zuardi, coordenador da pesquisa.

Hoje, quem depende de medicamentos à base de Canabidiol é obrigado a entrar na Justiça para importar o produto. João, de 7 anos, sofre de um tipo raro de epilepsia. Já fez tratamento com todos os anticonvulsivos vendidos no Brasil, sem sucesso. A família só conseguiu comprar o produto com a autorização da Justiça. Antes o menino tinha até 30 convulsões por dia. Hoje, 4 no máximo.

“Eu espero que assim que tudo terminar, ele possa ter uma vida normal, que eu possa levar ele para brincar, levar ele no parquinho, levar ele em festas, coisa que ele nunca pôde”, conta Josiane Aparecida Alves, mãe de João.

Apesar das dificuldades para importar o Canabidiol, os pesquisadores brasileiros têm avançado muito nos estudos na área de neuropsiquiatria. Na USP de Ribeirão Preto, o Canabidiol é usado em mais de 60 pesquisas, como em tratamentos de Mal de Parkinson, epilepsia e fobia social.

No caso de Parkinson, os pacientes tratados com Canabidiol dormiram melhor. A pesquisa já foi publicada em uma revista científica internacional. Segundo os pesquisadores, a reclassificação permitiria obter o Canabidiol para pesquisas e tratamento de pacientes.

“Facilitaria muito, especialmente para ensaios clínicos, em grandes populações de pacientes e a importação desse composto 100% puro vai ficar muito mais fácil na medida que houver essa reclassificação”, afirma Alexandre Crippa, pesquisador da USP.

A Anvisa informou que o assunto está sendo analisado, e que a carta dos pesquisadores da USP de Ribeirão Preto deve ajudar na decisão.