Olha o Dinheiro Público nas Comunidades Terapêuticas!

É preciso um pouco de sensibilidade política para entender a movimentação de um grupo com projeto de poder. Diante do alarmismo criado pela imprensa com a suposta “epidemia de crack” as comunidades terapêuticas que oferecem tratamento para dependência química se lançaram como as únicas capazes de atender a demanda de leitos. Mas realização deste trabalho depende de uma ajudinha do dinheiro público.

No dia 5 de abril foi realizada uma reunião com representantes da Confederação Nacional de Comunidades Terapêuticas (CONFENACT) e a ministra da Casa Civil Gleisi Hoffmann. A CONFENACT foi reivindicar o financiamento público das comunidades e aprovação do projeto de lei 7663/10, aquele do deputado Osmar Terra que fortalece as comunidades terapêuticas como o meu, o seu e o nosso dinheiro.

Depois desta reunião e antes da votação do PL 7663/10 o governo Dilma iniciou uma pressão política para que a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad) destine parte de sua verba de R$ 130 milhões para tratamento de dependentes para as comunidades terapêuticas.

Essa pressão resultou na saída da secretária Paulina Duarte e de outros dois funcionários do alto escalão da Senad que não concordam com este projeto. No lugar de Paulina entrou o interino Mauro Costa, que está disposto a atender o pedido do governo. “A orientação é que se pactue logo, que se viabilize logo a política pública, e elas têm razão. Estamos fazendo isso, correndo atrás, todo mundo trabalhando. É ordem deles que essa é uma ação prioritária, e assim nós iremos encarar e assim nós temos feito”, disse Mauro em entrevista ao jornal O Globo.

A escolha de Mauro Costa atende um pedido da CONFENACT e os primeiros contratos com comunidades terapêuticas devem ser assinados na próxima semana sem a realização de licitação. O repasse é de R$ 1 mil por mês para cada adulto internado e de R$ 1,5 mil para cada criança ou adolescente.

É sempre bom lembrar que boa parte destas comunidades são coordenadas por igrejas (evangélicas e católica), que adotam um tratamento espiritual para dependentes químicos. Não questionamos a eficácia deste modelo, mas a utilização de dinheiro público para um programa de tratamento na qual Deus fala mais alto que a ciência.