A ONU, quem diria, está pensando pela primeira vez fora caixa de estupidez proibicionista. Um documento elaborado pelo Escritório das Nações Unidas contra a Droga e o Crime (UNODC) e que vai ser apresentado esta semana sugere pela primeira vez a descriminalização do porte de drogas.
“A descriminalização do consumo de drogas pode ser uma forma eficaz de ‘descongestionar’ as prisões, redistribuir recursos para atribuí-los ao tratamento e facilitar a reabilitação”, afirma um relatório de 22 páginas divulgado pela agência de notícias EFE.
No entanto, a UNODC adverte que menosprezar as leis internacionais contra as drogas piorará a situação, já que ‘um acesso não controlado às drogas’ ajuda ‘o risco de um aumento considerável do consumo nocivo de entorpecentes’.
A Comissão de Entorpecentes da ONU vai ser reunir na quinta-feira para avaliar se foram cumpridos os objetivos pactuados em 2009. Na época os Estados da Comissão (inclusive o Brasil) assinaram um pacto para que se “elimine ou reduza consideravelmente” a oferta e a demanda de drogas até o ano 2019. Nem precisa dizer que tal projeto falhou. E falhou muito.
Não precisa ser um especialista em política de drogas para saber que a oferta segue inabalável, surgiram novas drogas e número de mortes em conflitos entre narcotraficantes e forças de segurança é estúpido. Só o México contabiliza mais de 60 mil corpos nos últimos 5 anos. E ONU ainda insiste na ideia de apoiar os mais perversos meios para chegar ao utópico “mundo livre das drogas”.
Não espere muita coisa além de apoio bem discreto a descriminalização das drogas. As forças proibicionistas ainda ditam as ordens na ONU e vão continuar fazendo lobby contra qualquer proposta de legalização que surgir (principalmente se for de algum país subdesenvolvido).