O triunfo do maconheiro de esquerda

Bob Dylan contrariou ditado que diz “Se você não é de esquerda aos 20 anos, não tem coração. Se não se torna um conservador aos 40, não tem cérebro.”

Em tempos conservadores, é importante que o único ser humano que tenha ganhado Nobel, Oscar, Grammy e Globo de Ouro e Pulitzer seja muito de esquerda, muito maconheiro, e nunca tenha virado a casaca.

Fonte: G1

Aqui, precisamos das corajosas convicções de Bob Dylan, que nunca foi de colocar panos quentes em feridas. Somos um país que escolheu não viver revoluções e guerras civis definitivas. Estrategicamente escolhemos derramar apenas o sangue dos cidadãos de periferia.

Somos uma elite safa, deitada em um esplêndido berço ornado com cadáveres morenos de um povo (des)orientado a matar-se e nos deixar em paz. Escapamos da guilhotina toda vez que alguém, geralmente da classe alta ou média, vem pedir paz, ou afirmar que não existe aqui luta de classes, racismo, esquerda e direita, nós e eles, ou vem oferecer o conforto da religião a quem já não aguenta mais sangrar.

A voz conciliadora vem sempre de quem tem medo de perder seus privilégios. Ou de quem quer conservá-los. De conserva em conserva, da relutância em abraçarmos radicalmente a esquerda, um certo medo que nossos índios não têm de fumar e tragar, permanecemos no século 18.

Lula poderia ter aproveitado sua popularidade incondicional e, anos atrás, ter silenciado a Lava Jato antes que ela fizesse barulho, colocado a PF contra a opinião pública, e com ela fechar até o Congresso e o STF. Poderia ter chamado o povo às armas, se fosse preciso, possuia cacife para isso. Não o fez. Talvez algum dia por isso seja reconhecido como um grande estadista, uma sorte que a Venezuela, por exemplo, não teve.

O azar do caos aqui reservamos aos jovens que se matam briga de torcida de futebol ou de facções para controlar bocas de fumo, e se empoleiram em presídios onde revoltar-se contra o sistema é assassinar outros presidiários. Uma nação de bem treinados galos de briga convenientemente treinados a matarem-se uns aos outros.

O verão está chegando. Os ar-condicionados dos de sempre estão preparados. Lá fora, a resposta não está blowing in the wind porque não há vento o ar está parado, não se renova há séculos. Conservado. 

No máximo, sussurra: O que atrasa a História de uma nação é a turma do deixa disso.