O serial killer e a Guerra às Drogas

por Tales Henrique Coelho

Você leitor pode estar pensando: “p*rra, esses malucos do Hempadão também vêem guerra às drogas em tudo, até no caso do Serial Killer do Rio”. Tudo bem, você até tem certa razão. Mas existe sim uma relação entre as duas coisas. Continua lendo que eu explico…

A questão aqui é como no caso do Serial Killer Saílson das Graças, que confessou ter matado 43 pessoas na Baixada Fluminense, no Rio, evidencia algo que tem tudo a ver com a guerra às drogas: no Brasil, a dignidade e o valor da vida variam de acordo com o CEP e o salário.

Assim como a vida de um jovem pobre morador da periferia vale muito pouco, e raramente gera indignação da mídia e da ‘opinião pública’, as 43 vítimas do Saílson também teriam passado despercebidas, não fosse a mobilização da própria população, que se organizou e investigou o assassino por conta própria.

Sempre que falamos da guerra às drogas lembramos que a repressão violenta acontece só nas comunidades, enquanto os traficantes ricos e o grandes distribuidores seguem sem ser atingidos. O serial killer só reforça o que sempre dizemos. Afinal, alguém imagina o que aconteceria se, digamos, 4 mulheres tivessem sido esfaqueadas seguidamente na zona sul do Rio? Com certeza não teria aparecido uma quinta vítima.

O Serial Killer deixa evidente a diferença com que o poder público e principalmente a polícia olha para cada cidadão. Dezenas de Boletins de Ocorrência foram arquivados sem sequer serem investigados, e um monstro ficou solto nas ruas (enquanto isso, a Polícia Civil se esforçava para prender manifestantes, mas isso é tema pra outro texto…). Da mesma forma, milhares de jovens são mortos e presos injustamente todos os anos no Brasil por causa da proibição das drogas sem que isso gere uma vírgula de indignação.

Já passou da hora dos direitos valerem para todos, em Copacabana ou em Nova Iguaçu.  Toda vida é sagrada, e não deve ser tirada impunemente, seja por um psicopata ou pela guerra às drogas.