O Longo Caminho da Tolerância!

Fumo desde os 16 anos e me lembro a primeira vez que rodei com meu pai, um cara muito autoritário e metódico, mas sempre fez o esforço que fosse para me dar tudo que eu sempre quis. Quando ele achou meu potinho com erva o coroa surtou, brigou comigo e pediu para eu fazer uma escolha: Ou ele, ou a maconha. Eu, no auge da minha rebeldia, escolhi a maconha. (claro!)

O tempo foi passando, tive uma filha aos 18 anos, me formei em administração e biocombustíveis, mas sempre com um relacionamento conturbado, tanto é que saí 2 vezes de casa por não aguentar a convivência com ele (na segunda vez, chegamos as vias de fato com um olho roxo para cada lado).

O tempo passou e a uns 5 anos sentamos e conversamos como gente grande, voltei a morar em casa e, com o tempo, viramos grandes amigos inclusive iniciamos um hobby juntos (automodelismo). Foi aí que tive a primeira deixa para botar a prova nossa amizade. Um dia, voltando de uma corrida, estamos em meu carro e no caminho ele acendeu um cigarro de tabaco industrializado, eu, como não fumo, vi a deixa e falei: “vou meter fogo em um baseado, firmeza?”, e como resposta, tive um “se foda, o carro é seu. Se a policia parar, você que se vire pra explicar que o maconheiro é você” em um tom descontraído. Seguimos o caminho, paramos no posto e bebemos uma cerveja como se nada tivesse acontecido.

Hoje com quase 29 anos, depois de muitas tretas, desavenças, percorrer um caminho que não desejo pra ninguém, finalmente sou visto com um ser humano normal, batalhador, pai e filho ao invés de um marginal pela minha família.

Não foi fácil chegar até aqui, foram muitas batalhas ao longo desses quase 13 anos de erva. Hoje lembro do caminho que percorri, lembro das dores, das escolhas, das renúncias e só tenho a agradecer pelas conquistas. Faria tudo de novo se preciso.

Relato de um leitor enviado para redacao@hempadao.com