Nicotina muda o efeito da maconha no cérebro, diz estudo

São Paulo – Um estudo norte-americano pode revolucionar tudo que se sabe sobre o efeito da maconha e da nicotina no cérebro. Cientistas da Universidade do Texas, na cidade de Dallas, descobriram que há uma relação bizarra entre a memória e o uso destas substâncias.

A memória e o aprendizado são regulados por uma região do cérebro chamada hipocampo. Geralmente, pessoas que têm essa área cerebral menor, também apresentam um mau funcionamento da memória.

Fonte: Jornal Floripa

Estudos anteriores indicavam que pessoas que usam maconha têm hipocampo menor e, consequentemente, uma memória pior.

No entanto, segundo a pesquisa norte-americana, quando os usuários combinam a nicotina com a cannabis, esta relação é diferente. Mesmo com a diminuição do hipocampo, a memória de quem usa as duas drogas não sofre piora.

Além disso, os pesquisadores também descobriram que quanto maior for o número de cigarros de maconha e nicotina fumados por dia, menor o volume do hipocampo e melhor o desempenho da memória.

De acordo com a pesquisa, não houve associação significativa entre o tamanho do hipocampo e a melhora da memória em pessoas que só usam nicotina ou fumam apenas a cannabis.

Como a pesquisa foi feita

Os participantes foram divididos em quatro grupos: pessoas que não usaram maconha ou nicotina nos últimos três meses; usuários que fumam maconha pelo menos quatro vezes por semana; indivíduos que usam nicotina dez ou mais vezes por dia; e usuários que fumam cannabis quatro vezes por semana e também nicotina dez vezes por dia.

Para realizar a pesquisa, os  cientistas fizeram ressonâncias magnéticas nos cérebros dos participantes. Eles completaram uma avaliação sobre histórico de uso de drogas e testes neuropsicológicos três dias antes do exame.

De acordo com Francesca Filbey, líder do estudo, ela decidiu fazer esta pesquisa pois 70% das pessoas que usam maconha também são usuários de nicotina. “A maioria dos estudos sobre a cannabis não analisam o uso da nicotina”, disse a pesquisadora ao site da universidade.

“Nós precisamos compreender como o uso combinado destas substâncias altera o funcionamento do cérebro para realmente entender seus efeitos na memória e no comportamento”, finalizou Filbey. O estudo foi publicado no jornal “Behavioural Brain Research”.