Mais um relato de dura… Até quando?

Estávamos em um setor um pouco deserto da cidade, por volta das 17h no dia 21 de novembro de 2014. Quatro garotos e duas garotas, sendo usuários apenas dois garotos e uma garota, os outros três apenas acompanhavam, mas nunca tinham ao menos experimentado alguma substância. Já tínhamos mandado um em um beco, e um amigo estava bolando o próximo, sentados em uma calçada conversando.

Renault Polícia Civil do Paraná_03

Quando passa um carro, ainda me recordo o modelo, um Renault Duster preto, que aciona a sirene duas vezes com intervalos, e para em um cruzamento, no momento estávamos fumando uns cigarros, meu amigo levantou o braço e acenou em direção do carro mostrando que era apenas um cigarro, logo em seguida guardando o que ele estava bolando e jogando o flagrante longe, o carro seguiu em frente e permanecemos no local pois achamos que era apenas algum morador do setor querendo nos assustar.

Logo em seguida, poucos minutos depois volta o mesmo carro acompanhado de uma viatura da ROTAM com vários policiais com várias armas para fora das janelas, logo em seguida desce um policial civil à paisana do carro preto de antes falando: “Vocês são fodas viu, eu avisei para vocês saírem daqui, e vocês continuam, isso tudo é devido à impunidade”, então todos os policiais descem da viatura com armas e pedem para as garotas irem para esquerda, para jogarmos nossas mochilas no chão, colocar as mãos na cabeça, e abrirmos as pernas.

Começaram a interrogar os garotos, sendo apenas dois usuários, e outros dois apenas amigos que tinham acabado de chegar da aula e estavam apenas conversando, um desses inocentes era negro, e morava em uma região mais perigosa, mas nunca tinha se envolvido com completamente nada, no momento o policial perguntou o nome completo dele e dos pais deles, quando ele perguntou o local que ele morava começou a rir ironicamente e afirmando: “é você que trás a paradinha para eles…”, o que foi nitidamente visto por todos como preconceito.

Logo em seguida, levaram um cão farejador que não achou o flagrante, assim não tendo nenhuma prova contra a gente, e sem motivos para nos levarem. Levamos apenas uma dura humilhante, e fomos orientados a “fazer” isso em outro local por que ali era uma área que passava crianças, estudantes e cidadãos. No fim o civil disse: “não queremos prender estudantes como vocês mas sim bandidos”, assim liberando todos. Um amigo (o mesmo que mostrou o cigarro, e também filho de policial) continuou lá pedindo obrigado e pediu para cumprimentar o policial que se recusou a pegar na mão dele, assim meu amigo saiu e chamou o tira de “desumilde”.

No fim, voltamos e não achamos mais nosso prensado, provavelmente eles acharam e levaram, e só queriam nos dar um susto. Sou ciente que isso é uma tarefa deles, mas enquanto perseguem os maconheiros, podiam oprimir os verdadeiros ladrões que estão na Câmara Legislativa. Sei que todos os usuários uma hora ou outra passam por essas situações com abusos policiais (no caso também houve racismo), mas isso não seria necessário se tivéssemos o mínimo de aceitação pelo os que estão de fora.

Continuaremos lutando pela nossa causa, até conseguirmos a devida liberdade nessa falsa democracia, onde policiais abusam dos seus poderes com cidadãos e estudantes, e saem impunes.

Abraços fraternos.

Tem alguma história dessas para contar? Não podemos ficar calados. Envie seu relato: hempadao@gmail.com