Legalização da maconha no Uruguai pode ser modelo para a região, diz chanceler

Fonte: RFI

No mês que vem, o Uruguai pode se tornar o primeiro país das Américas a legalizar o cultivo, a distribuição e a venda da maconha. O Senado, de maioria oficialista, deve transformar em lei a legalização da maconha, já aprovada pela Câmara de Deputados no final de julho. Esse pioneirismo pode representar um modelo para os demais países do mundo, especialmente aos vizinhos, como explicou o chanceler uruguaio, Luís Almagro, em entrevista exclusiva à RFI.

 

Márcio Resende, correspondente da RFI em Montevidéu

Os consumidores vão poder cultivar até seis mudas de maconha em casa, com uma produção de até 480 gramas. O cultivo também poderá ser coletivo nos chamados “clubes do auto-cultivo”, cujo limite será de 45 sócios. Também se poderá adquirir a maconha plantada, distribuída e vendida pelo Estado por meio das farmácias, numa quantidade mensal de até 40 gramas. Haverá um registro de usuários com identidade protegida, que impede a compra por estrangeiros, para evitar o “turismo da maconha”.

Depois de aprovada a lei em novembro e depois do plantio e da colheita, a maconha deve começar a ser vendida no segundo semestre do ano que vem. O chanceler uruguaio Luís Almagro explica que o objetivo final da lei será asfixiar financeiramente o tráfico de drogas e preservar os usuários que não vão mais precisar ir até uma boca de fumo, expondo-se à delinquencia de traficantes.

“Mais do que qualquer droga, o pior flagelo de todos é o tráfico. Como desvinculamos essa juventude da delinquência, que significa o tráfico de drogas”, aponta.

A intenção do governo uruguaio é de que a maconha oficial tenha valor próximo do praticado pelo tráfico de drogas. Ou seja: um grama, um dólar.

O miolo da questão é que, no Uruguai, o consumo é legal, mas comprar, vender ou plantar é proibido. A nova lei acaba com essa contradição e substitui a lógica da repressão pela da consciência de cada um, conforme indica o chanceler Luis Almagro: “Uma lógica política que tem a ver com conceitos que são fundamentais para nós: liberdade e igualdade das pessoas”.