Gilberto Gil: Já passou da hora de legalizar!

Que Gilberto Gil é maconheiro todo mundo sabe. Se você não sabia recomendamos uma pesquisada na internet para encontrar entrevista e até um histórico julgamento em 1976, onde ele encara a justiça da ditadura para responder a um processo por porte de drogas.

Em entrevista recente, para a revista Quem, Gil elogiou a mudança na lei de drogas do Uruguai, destacando que já passou da hora de acabar com a proibição em todo planeta. Vale a a leitura!

QUEM:  O senhor bebe?
Gilberto Gil: Ultimamente estou sem beber. Até pouco tempo atrás bebia vinho socialmente. Fumei também até pouco tempo, mas parei.

 

QUEM:  Recentemente, o Uruguai se tornou o primeiro país latino a permitir o uso da maconha. A América Latina está preparada para a legalização das drogas?
Gilberto Gil: Qualquer sociedade deveria estar. As declarações a favor da legalização têm sido feitas por múltiplas personalidades no mundo inteiro. Isso vem crescendo de forma interessante junto à percepção de que a legalização é necessária.

QUEM:  Por quê?
Gilberto Gil: A legalização é mais benéfica do que a manutenção das drogas como questão criminal. Os malefícios causados pela criminalização são maiores do que os malefícios causados pelo uso. O uso monitorado, transformado em questão de saúde pública, diminuiria os malefícios na segurança pública.

QUEM:  Acredita que a sua geração soube lidar melhor com as drogas do que a atual?

Gilberto Gil: A minha geração e a que foi um pouco anterior à minha estavam mais dedicadas ao uso, à intensificação e à experimentação. Mas muitos estavam dedicados apenas ao abuso, como forma de constatação, protesto, negação dos modos restritivos de se viver. Abusar das drogas era o equivalente a fazer manifestação na Copa (risos). Havia um uso político.

QUEM:  O senhor já disse que “a droga era um fetiche que exorcizava demônios”. Como foi isso?

Gilberto Gil: É isso mesmo. As drogas abriram portas celestiais para alguns e a porta do inferno para outros. Eu tomei quase 100 ácidos lisérgicos e nunca tive uma bad trip. Tem gente que toma um ácido e tem a pior onda da sua vida. É uma experiência individual. Não há receita. É como você se coloca para aquilo, como se deixa levar pelas ilusões possíveis e existentes.

QUEM:  E a maconha?

Gilberto Gil: A maconha ajudou a minha música, sempre digo isso com toda a certeza. A maconha me ajudou pela criatividade, pelo modo do seu uso. Para o tipo de uso que eu queria fazer, ela me ajudou, sim.