Entrevista com Michael Meneses: O não-maconheiro que Chapa mesmo assim!

Fotojornalista, colecionador de vinil, agitador cultural, criador da Parayba Records e presente na lista do top 10 dos não-maconheiros mais maconheiros do mundo. Meu brother Michael Meneses bateu um papo conosco e vai falar sobre rock e fumaça:

1) Tu acha que alguém mesmo sem fumar maconha pode ter amigos canabistas e, mais que isso, defender a legalização?
R: Tenho amigos usuários de maconha desde a década de 1980. Naquela época era comum assistir campanhas publicitárias, não apenas contra o uso das drogas, mas semeando a segregação entre usuários e não usuários, muitas dessas propagandas com celebridades da TV e do Esporte! Na época entendi que não era me afastado de um “Amigo Maconheiro” que iria salvar o mundo ou esse amigo das drogas! Meu raciocínio me deu a chance de reconhecer que o fato de uns amigos fumarem unzinho não faziam deles bandidos. Além disso, por vezes estive ao lado desses amigos quando eles me procuram para conversar sobre a questão, eles sabiam que eu não iria dar sermão em prol ou contrario ao fato deles fumarem, mas sim ouvir o que tinha a dizer e que no máximo iria ser (e sou) contrario ao trafico. Ressalto que não foram poucos amigos que me procuraram.

Também vale dizer que sempre trabalhei em meios à artes, música, jornalismo, fotografia… Logo não posso agir com preconceito me afastando de pessoas só porque eles dão “Um Dois”. Ou seja, podem “Fumar Um” do meu lado, afinal a fumaça de maconha me incomoda menos que as atitudes de muitas pessoas, sejam elas caretas ou não! Não levanto a bandeira da legalização, já fui parado em batidas policiais e não deu em nada pois não tinha fragantes, agora se estivesse com alguns amigos eu poderia não ter tido a mesma sorte. Acho importante descrimnizar a maconha e seus usuários, maconha deveria ser igualado ao cigarro e quem fuma deveriam ter o direito de plantar o que consomem e se não quiserem ser agricultores teriam a opção de comprar maconha em farmácias, bares, padarias, bancas de jornais… controladas por leis e impostos similares como as normas do cigarro. Acho que isso não iria acabar com o trafico de maconha, pois sempre iria ter gente vendendo maconha contrabandeada e usuários sem consciência que iria financiar o crime. Assim como até hoje tem quem venda e quem compre cigarros contrabandeados do Paraguai. Porem se legalizada a maconha não seria uma boa fonte de renda para o trafico. Também acho digno que fosse implantado em todo Brasil uma disciplina escolar onde se estudasse todas as substancias entorpecentes (Álcool, Maconha, Cigarro, Cocaina…) da 1ª Série em diante, para isso não usando os professores já atuante, mas contratando novos docentes e sem criar medos ou despertar curiosidades e sim apresentando os prol e os contras sobre todas essas substancias!

2) Se apresenta pra galera… conta sua história na cultura underground!
R: Longa história… Comecei a ouvir Heavy Metal em 1986 em meio ao alvoroço do Primeiro Rock in Rio. Morava em Aracaju/SE, (Foi em Aracaju que vi os maiores Charutos de maconha da minha vida, no Rio só vi cigarros). Naqueles tempos Sergipe era bombardeada com o nascimento do Axé-Music. Não tinha (e nem tenho) saco para Axé e aos poucos fui me envolvendo com a Cena Underground Sergipana, participando de Fanzines, indo à shows… e expandindo meus gostos musicais, pois o Heavy me apresentou o Rock-Progressivo, Punk-Rock e o tempo me levou à outros estilos e sub-estilos do bom e velho Rock 11042260_799484573464453_341966299_nand Roll, e depois à outros estilos musicais, MPB, Música Erudita… Em 1991 por conta do Rock In Rio 2 voltei a morar no RJ (onde nasci), continuei apoiar a cena rock, por conta do fanzines e do fato de ler centenas de revistas de rock tomei gosto e comecei a estudar fotografia. No inicio clicava shows de rock pelo subúrbio carioca e fui ganhando experiência na fotografia de shows, hoje minhas fotos se espalham pelo mundo, fotografei desde bandas obscuras do Underground até grandes nomes da música mundial como Kiss, Rush, Iron Maiden, Slayer, Metallica… Fui registrando shows que vão de verdadeiros buracos à mega eventos como o Rock In Rio. Tive programas de rock em rádios comunitárias, fotografei e escrevi em jornais, sites, na Revista/Portal Rock Press… Cursei jornalismo, fiz pós-graduação em Artes-visuais e hoje faço cinema, tais cursos aprimoraram meu talento e ideias. Em 2001 comecei a trabalhar com vendas de CDs, Vinis, Livros, Filmes e todo tipo de material independente foi quando criei o Selo Cultural Parayba Records onde o lema é: “Cultura com Preço de Rapadura”. Em cooperativa com outros selos com a Parayba Records lancei (ou apoie) o lançamento dos CDs das bandas Repudio(RJ), Darge(Japão), Karne Krua(Sergipe), Incendiall(RJ), Protesto Suburbano(Macaé/RJ) e e Chá Prá Doido(RJ) e fui convidados para diversos outros lançamentos de discos. Organizei 3 edições do Parayba Rock Fest, apoiei peças de teatros e dezenas de shows no RJ e em outros estados, fiz dezenas de exposições fotográficas e até com algumas das minhas experiências nas artes plásticas. Participei e disponibilizei imagens para Documentários sobre as bandas Gangrena Gasosa e Dorsal Atlântica e dei depoimentos e fiz imagens para a terceira capitulo do Doc. “Fanzineiros do Século Passado” (https://vimeo.com/67697733 ). Na literatura fiz centenas de textos sobre rock e eventualmente escrevo textos que dizem ser poesias, tenho antigos projetos de livros fotográficos e literários, recentemente e depois de varias fotos publicadas em livros tive o texto “Ramones-Tri” que conta as minhas aventuras nos três shows dos Ramones no Rio publicadas no livro “Viva La Brasa” de Adolfo Sá (http://vivalabrasa.com/ ). Leciono e faço palestras sobre Fotografia… Enfim eu Enrolo, Aperto e me envolvo com cultura indo de Ponta em Ponta fazendo a minha Cabeça e de quem Quiser! Rsrs…

3) Fala do trabalho com disco de vinil e da sua coleção… qual o mais raro e o mais caro? E aquele que não tem preço…
R: Sim… por conta do meu trabalho com o Parayba Records fui recomendado pelo ícone do Underground Brasileiro Leonardo Panço (do Selo Tamborete, das Bandas Jason, Sutian Xiitta e hoje em carreira solo https://leonardopanco.bandcamp.com/ ) para trabalhar nos stands da Polysom (Única Fabrica de Vinil da América Latina). Com isso estive em Feiras de Vinis do RJ e em SP, shows e outros eventos, além vender discos para colecionadores de vários locais do Brasil e até do Mundo. É um trabalho que me deixa orgulhoso em vários aspectos, seja em promover a “Arte de Ouvir e Colecionar Vinis”, ser chamado de Poeta pelo músico Challie Galvan(Titãs) durante uma matéria para o Canal Multishow e por me sentir lisonjeado em fomentar uma coleção de vinis para garotos de 15 anos que já nasceram com MP3 no berço e que não compram vinis apenas para enfeitar paredes, mas sim pela arte!

Sobre minha coleção, tenho alguns discos de vinis que não tenho ideia dos valores, mas que sei eles são bem raros, consigo fazer inveja a muitos colecionadores, alguns desses discos são no mínimo curiosos e sei que nunca mais serão relançados, no máximo serão disponibilizados na rede. Tenho vinis de tamanhos, cores e até em formato de coração. São discos dos mais variados gêneros musicais, com narrações, histórias infantis… mas claro que os de Rock em todas as suas tendências são os meus preferidos. O mesmo se aplica aos meus CDs, Fitas K7s, VHSs, DVDs… Sou amante do analógico mesmo vivendo em um mundo digital.

4) Não dá pra deixar de lado seu trabalho de fotojornalismo, manda um top cinco das fotos que tu mais curte aê:
11009080_799486146797629_185824546_nR: Cada foto tem sua importância, mas uma coisa que sempre falo é que a foto que você nunca vai esquecer é aquela que você não fotografou. Contudo tenho carinho por várias fotos que se tornaram importantes ao longo dos meus mais de 20 anos de fotografia, mas sem ordem das melhores ou importância segue: Foto da cantora Beonce dirigindo um carinho de Golfe no Rock In Rio, a foto causou agitação na época com vários veículos querendo publica-la, esse click representa a máxima de “Tá na Hora Certa, No Lugar Certo e Com a Câmera certa”. Fotografa o Kiss foi um sonho, já que as fotos da banda que vi em revistas ao longo dos anos sempre me inspiram e clicar o Gene Simonse com sua língua para fora e olhando para você é lindo. João Gordo (Ratos de Porão) e Heron (Uzomi) são os melhores rockers brasileiros para fotografa, é sempre um desafio, eles não param no palco e fazendo caras e bocas! Gosto muito da foto do Steve Wonder fazendo dueto com sua filha no Rock in Rio 2011. Outra que gosto muito é uma que fiz em 1993 do Marcelo da lendária banda mineira The Mist na Lona Cultural de Campo Grande/RJ, sair de casa com a ideia de fotografar algum músicos com o Cabelo para o alto e conseguir, falando assim, especialmente hoje na era digital e pelo fato de ser um show de Heavy Metal pode parecer fácil, mas estava começando a estudar fotografia, tendo que fotografa duas bandas (The Mist e o Blockhead), a fiz com um filme de 12 Poses e usando a clássica câmera Olimpus Trip. Finalizando, não esqueço as fotos do meu primeiro show que registei, o Arena do Heavy III (Na Lona Cultural de Campo Grande). Dias depois, um dos músicos me comprou as fotos dele e do irmão que também tocou no show. Em 2013 encontrei com os irmãos no Rock in Rio, fizemos uma foto juntos e contei da importância deles terem me comprado minhas primeiras fotos, pois foi uma motivação para continuar minha história na fotografia e 20 anos depois encontrar com eles no Rock in Rio foi uma espécie de ápice. Também fotografei outras pautas, como as Manifestações de 2013, nu artísticos, natureza, políticos… Fiz todo tipo de fotografia e aproveito para deixar uns conselhos: 1 – Fotojornalismo é trabalho e não é festa. 2 – Fotografia de Nu Artistico é arte e não uma forma de comer ou dar para alguém! 3 – Ética profissional é fundamental em tudo e não é diferente na fotografia.

10966731_799485716797672_1999243818_n5) Qual sua experiência com a erva? Dá logo o papo… haha
R: Um amigo me falou que Sou o Único Maconheiro do Mundo que Não Fuma Maconha, pois tenho papo de maconheiro, vivencio música, artes e culturas de maconheiro, tenho amigos maconheiros, me alimento como um maconheiro sentido larica, tive até uns 3 pés de maconha (um deles o único gato que tive comeu), tenho cara de maconheiro, alguns dos meus ídolos do rock já me convidaram para fumar um e não “Tirei essa Onda”, já comi semente de maconha e experimentaria alimentos feitos com canabis… Tudo isso e não sou de fumar maconha. Há quem acredite que já dei uns tapas! Enfim é um mistério, pense o que quiserem a esse respeito o fato é que não vou “Apertar e nem Acender Agora”. Alias sem querer segregar, penso que fumar um baseado é igual a fazer sexo, ou seja, você não deve transar ou fumar com qualquer pessoa (isso não quer dizer que não pode), acho algo um tanto espiritual e tem que ter o clima. Porem, não sei do amanhã, sei que ingerir fumaça não é algo que me motiva, logo beber ou comer alimentos derivados de maconha pode ser uma opção, vai depender da fome!

6) É verdade essa história de que tu tá pensando escrever pro Hempa? Tá mais que convidado!
R: Já faz alguns anos que eu e os editores do Hempadão “Dichavamos” sobre esse trampo. Se rolar, será uma bem humorada coluna de causos, já que por conta da minha caretice presencie momentos loucos, dignos de filmes sobre maconheiros! Ainda nem entrei para a “Roda” do Hempadão, mas a coluna já tem até nome: “Maconha: Michael Meneses Não Aperta e em Nem fuma, mas Chapa mesmo assim”

7) Pra finalizar, faz o jabá da Parayba Records e divulga suas midias sociais… tamo junto, brow!
R: Primeiramente quero parabenizar o trabalho jornalístico, cultural e de conscientização de vocês nesse nosso país cheio de preconceitos e desinformado a respeito de temas vitais como educação, saúde, politica, segurança e o que dizer sobre maconha, de coração tenho orgulho de vocês! Aproveitando agradeço o espaço que me foi dado nessa entrevista e ao longo dos anos em resenhas e citações às produções do Selo Parayba Records! Valeu mesmo e continuem “Passando a Bola!” aos leitores… Qualquer coisa é só me procurar em: https://www.facebook.com/pages/Parayba-Records/177830795577265 se eu demorar a responder, coloquem dois dedos nos cantos da testa e pensem positivo e na frente de vocês vai surgir uma fumaça e logo irei aparecer, mesmo com toda a fumaça não me fume, pois em defesa dos animais eu sou Vegetariano, mas não sou erva!

CONHEÇA AS BANDAS QUE TIVERAM APOIO DO SELO PARAYBA RECORDS:
Repudio: https://www.facebook.com/RepudioHC
Protesto Suburbano: http://www.protestosuburbano.com.br/
Darge: https://www.facebook.com/dargepunk
Statik Majik: https://www.facebook.com/pages/Statik-Majik/254252768016726?
Chá Pra Doido: https://www.facebook.com/cxpxdx.hc?
Incendiall: https://www.facebook.com/incendiall?
Karne Krua: https://www.facebook.com/pages/Karne-KRUa/163750317029031?

Mais um tapa, assista:

Fanzineiros do Século Passado – Capítulo 3 (full) from Márcio Sno on Vimeo.