Entrevista com autor do livro Viva la Brasa

Nos cafundó da internet habita um blog muito maneiro que é o Viva la Brasa, escrito por Adolfo Sá. As histórias enfumaçadas viraram um livro e depois da festa de lançamento em Aracaju/SE, o autor segue em eventos na região nordeste com datas confirmadas em 21/02 – Popfuzz Bar – Maceió/AL, 27/02 Café Castro Alves e Iraq – Recife/PE 28/02 e Café da Usina e Grito Rock – João Pessoa/PB! Mais pra frente essa marola literária vai chegar pro sudeste, onde a cada dia falta mais água para o bong. A gente trocou ideia com o autor do livro, confira só:

1 – O que motivou levar o blog VIVA LA BRASA para o Livro?
Criei o VIVA LA BRASA em 2005. Quando o blog completou 7 anos, ganhei de presente uma nova marca feito por um amigo grafiteiro e gênio das artes, André Chagas. Daí surgiu a ideia de compilar as melhores histórias num livro, tanto que a capa é o desenho do Chagas com uma colagem de fotos atrás. Lancei o livro numa festa sem bilheteria em um clube de rock de Aracaju, com 5 bandas, pole dance, exposição de zines e prints. E comemorei a noite com um novo post no blog, após 2 anos de ausência por conta do trabalho de edição, diagramação e revisão do livro. Fechei um ciclo como quem fecha um beque, agora tô queimando e dichavando outro.

10966574_789273627818881_524772719_n2 – Você foi fanzineiro nos anos 90, como é viver tanto tempo em meio a cultura alternativa sergipana?
Fiz o Cabrunco Zine de 95 a 97, depois fiz outros esporádicos como o MauMau e o Manifesto Marginal. Em 98 eu e alguns amigos criamos o ROCK-SE, primeiro festival nacional de rock em Sergipe, com Marcelo D2, O Rappa, Pin Ups, Eddie, Snooze e um monte de outras bandas. Fui colaborador da Rock Press durante uns 5 anos, cobri muito Abril Pro Rock etc. No início dos anos 2000 me formei jornalista e comecei a trabalhar com audiovisual. Passei quase 10 anos na TV pública estadual, comecei estagiando e me tornei diretor, sempre abrindo espaços pro underground e pra cena independente dentro da programação. Acho que tenho contribuído do meu jeito pra coisas acontecerem por aqui, não sei se isso responde a sua pergunta.

10967065_789273614485549_980061496_n (1)3 – Hempadão é um espaço maconha, então vamos fumar, ops, digo falar de maconha. O que os leitores maconheiros do Hempadão podem encontrar em seu livro e você acha que é preciso fumar “unzinho” para escrever?
“Ela inspira, ela cura, ela acalma, e deixa a moçada de cuca legal; e aquele que perde a cabeça é porque já tem parte com o espírito mau”, já cantava Bezerra da Silva. Maconha pode inspirar sim, e não atrapalha como o álcool. A não ser que você fume o tempo todo, aí não consegue fazer nada mesmo. O livro registra a primeira Marcha da Maconha na cidade, tem Tarja Preta, Bezerra, B.Negão, D2, Reação, ilustrações temáticas que eu fiz desde o zine Girls até um free style do ano passado. Dá pra fazer a cabeça, e quem compra ganha uma seda enquanto durar o estoque.

4 – Tá ocorrendo um financiamento coletivo para o lançamento do livro, você acredita que essa espécie de “intera” é um caminho para novos autores assim como já salvou muitos da “seca”?
Financiamento coletivo é uma boa pra que quer realizar algo de modo independente. Mas em sites de crowdfunding você tem que estipular um valor e alcançar aquela quantia, ou o dinheiro é devolvido aos colaboradores e seu projeto não vinga. Criei o site www.vivalabrasa.com pra não ter que atingir nenhuma meta. Fiz um mês de pré-venda, vendi 25 livros. Se fosse pelo Catarse eu tava fudido. Passei 2 anos juntando a grana pra impressão e pra pagar a equipe envolvida, então arquei com esse prejuízo. Mas vamos encarar como um investimento a longo prazo, hehehe…

5 – Como é “Viver La Brasa” em Sergipe e falando nisso como anda a repressão em Sergipe?
Sergipe sempre teve maconheiro, estado litorâneo é foda. Sempre rola aquela vagabundagem malemolente né… Mas muita gente se péla de medo de assumir em público que fuma um, tem receio da retaliação social que pode sofrer ou simplesmente não tem atitude nem de correr atrás da própria erva. VIVA LA BRASA é o primeiro livro feito pelas bandas de cá a abordar o tema de forma honesta e aberta. Quanto à repressão, o prefeito da capital armou a guarda municipal, daí você tira…

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6 – Quais outros livros foram sugestivos para escrever VIVA LA BRASA!?
Basicamente três: “Sem Comentários” de Allan Sieber, “Guitarra e Ossos Quebrados” do Quique Brown e “Esporro” de Leonardo Panço. Em literatura canábica, “Verão da Lata” do Wilson Aquino foi o mais recente e inspirou o nome da turnê nordestina: “Verão da Brasa”. Lembrando que “O Doce Veneno do Escorpião” da Bruna Surfistinha é um dos precursores nos livros de blog e sempre uma inspiração.

7 – Deixe uma mensagem aos Leitores do Hempadão…
Fumem, fodam, façam o que quiserem mas mantenham o respeito. E comprem o livro