por Thales Henrique Coelho
Não, você não está louco. É permitido usar drogas no Brasil! E não estou falando de remédios, álcool ou tabaco. Falo das ilegais mesmo. Maconha, cocaína, ácido… Você não sabia?
Mas calma, porque tudo por aqui não é bem o que parece. Assim como há leis “que pegam” e leis “que não pegam”, temos também as que afetam de formas diferentes as pessoas de acordo com alguns critérios não escritos, mas muito claros e conhecidos por todos.
É o caso das drogas. Se você é morador de uma grande capital como SP, Rio, BH ou Brasília, é branco, da classe média pra cima e tem um bom fornecedor, já está praticamente legalizado. Claro que ainda não podemos (pois me incluo nessa categoria) fumar em qualquer bar ainda, nem comprar buds como os que rolam em Amsterdan, mas não temos dificuldade para encontrar o que e onde usar.
Se não na lei escrita, pelo menos na prática.
A não ser que você se meta a traficar grandes quantidades e dê um bom azar, você nunca vai chegar a ficar preso nem uma semana por causa de droga. No máximo paga umas cestas básicas, coisa de 500 reais.
Uma reportagem do jornal O Globo sobre o uso de drogas em condomínios da Barra da Tijuca, no Rio, mostrou esse universo.
Onde traficantes trabalham sem armas. Onde as pessoas usam droga sem maiores problemas para outros. Onde a droga não está diretamente associada à violência.
Não se vê troca de tiros na Barra, nem operação do Bope contra o ‘disk drogas’ do condomínio.
Agora, em outras partes da cidade, principalmente com pessoas que não são vistas como cidadãos plenos, a realidade é totalmente diferente.
E é por isso que a gente precisa legalizar.
Claro que vai melhorar para os maconheiros de classe média como eu.
Mas a mudança para quem vive no “front” dessa guerra sem sentido é a diferença entre vida e morte.