Difícil é Parar com o Preconceito!

Tudo começou num belo dia de marofa num campo aqui perto de casa após um convite para umas bongadas de um colado meu. Carburada vai, carburada vem e bate aquela larica, resolvemos comer umas coisas e voltar para pista que fica perto dali onde estávamos e até aí tudo na paz. Porém mal sabíamos que a mãe de um dos meus amigos estaria para chegar ali, sempre muito cuidadoso eu alertei meus amigos para a gente sair dali, pois tem crianças e pais que vão lá e não acho muito agradável um local assim (tanto para os pais quando para nós.)

Dito e feito. Mal sentamos na arquibancada e chega a abençoada mulher, veio apressada em nossa direção como se já soubesse de alguma coisa, e por azar nosso o colírio havia acabado. Pode parecer engraçado mas foi mais difícil tomar a dura dela do que dos samangos. Para evitar confusão cada um foi para sua casa. A sensação de alívio começava a chegar a cada passo mais perto de casa, pena que por pouco tempo.

De repente ouço um barulho de moto e batidas na porta, volta a disparar o coração, era ela! Tentei fingir que não tinha ninguém em casa porque meus pais haviam saído mas… que nada, ela esperou ali até eles chegarem, corri para cama e tentei “acordar”, parecia um pesadelo. Daqui do meu quarto eu ouvia ela dizendo que eu estava estragando o filho dela pois ela tinha certeza que era eu quem passava a massa a ele (para azar meu, ela estava totalmente mal informada pois era o filhinho dela quem convidava eu e meus amigos para o “rolê”.)

Escutei meu pai subindo as escadas e meu coração quase saindo pela boca, mas como se esperava, lá veio ele dizendo: “Daqui uns dias vai estar vendendo as coisas de casa para sustentar esse maldito vício! Não adianta fingir que está dormindo! Começa assim e logo está cheirando, fumando pedra!”

Não sei se tomei a atitude certa mas não conversei nada com ele naquele dia e preferi conversar com a minha mãe no dia seguinte. Devido a minha idade tive que mentir para ela, ou seja, não abri o jogo, (apesar de minha vontade ser outra pois minha relação com ela é o mais transparente possível), pois tenho certeza que ela ficaria chocada e eu não queria ver ela sofrer, mesmo sabendo que tudo isso era por falta de informação.

Dei um tempo na erva, na verdade nem saí de casa durante uns 2 meses para provar que eu não era viciado em porcaria nenhuma! Fiquei sem conversar com meu pai durante esses 60 dias. Pelo jeito, agora meus pais veem que não estava fazendo nada demais e que posso muito bem ficar o tempo que quiser sem fumar ganja. Pena que ainda não posso fumar, eles “levaram numa boa” o que aconteceu mas ainda não querem que eu fume, entendem? Por um lado eu concordo, sou muito novo e essa realidade que eu vivia não era a da minha idade.

Por fim tenho uma pergunta: Quantos usuários de cannabis já passaram o mesmo ou pior que eu? Para vocês verem o estrago que a ignorância faz…

Relato de um leitor enviado para redacao@hempadao.com