Criando o Caos para Trazer a Paz!

A história começou com uma chantagem em casa. Eram muitas brigas, muita discussão por causa do álcool (sempre odiei essa ” droga ’’), pois ela sim consegue alterar o sistema neurológico a ponto de fazer as pessoas perderem a noção do que dizem, do que pensam e fazem. Cansado disso, uma vez (e nunca escondi de amigos e familiares o interesse em provar a erva), disse para minha mãe que se ela não parasse de beber demasiadamente a fim de extinguir as brigas, eu começaria a usar algo. Já que além dela misturar bebida, cigarros quase o dia todo, também tomava remédios controlados para depressão. Confesso que algumas vezes já peguei alguns para ver o que rolava, e sim dá um barato, mas algo estranho, te deixa mole, lerdo e calmo, mas num sentido negativo pelo menos comigo. Não curti!

Foi então que aos 17, no fim de uma tarde quente numa sexta-feira e no desenrolar de mais uma briga, decidi pegar meu skate e visitar um colega na pista, perto de uma praça. Eu sabia que ele poderia me ajudar com isso e então foi ai que provei meu primeiro baseado. Ela tinha ido à casa do meu pai, na capital de SP para conversar sobre as merdas que ocorreram. Fiquei no interior, sentei à mesa, coloquei um som (estava ouvindo Donavon – Such a Night/ Call me papa ) , e fiz meu ritual: bolei um estranho, mas consegui concluir.

 

Creio que aquele dia ficou marcado como uma primeira vez única, assim como tantas outras experiências únicas que a vida nos traz, me senti como imaginei que me sentiria, fiquei com medo de me arrepender mas no mesmo instante sabia que eu tinha encontrado a minha paz. Sabia que aquilo me ajudaria, tendo em vista que eu já olhei muito amigo que curte um banza, com olhos tortos, mas naquele momento eu realmente os entendi.

Paguei aquela ducha longa, quente, e cara, que paz!

Esqueci de tudo, esqueci de mim…deles, dos problemas, do colégio, só queria curtir aquilo, deitar e sentir meu corpo leve, em queda livre.

Depois disso, comecei a fumar um por semana, depois de uns meses passei à três por semana e via que não me fazia mal, não me fazia aquele mal que a mídia expunha ou que os amigos se preocupavam!

Deixei rolar naturalmente, nunca contei para ninguém pelo fato de não ver aquilo como um erro, mas como a minha busca pela tranquilidade, meu momento. Algum tempo depois, descobri que minha irmã também curtia, porém ela já tinha passado pela fase de contar para a minha mãe há algum tempo e só eu o mantinha em segredo.

Algum tempo depois, no primeiro ano de faculdade ainda, ao chegar da aula minha mãe tinha bebido algumas cervejas, e me esperava no quarto, pois achava que eu estava usando drogas pesadas. Queria me consultar.

O esperado momento chegou, pensei comigo mesmo: ” Se a preocupação dela com minha irmã ta tranquila, comigo também será “. Sentei no carpete, peguei o violão enquanto ela falava, dedilhei alguns solos em baixo tom pra deixar a conversa mais leve. Contei o quão bem me fazia, os motivos que me levaram a descobrir e os benefícios que tornavam à alma, diferente daquela bebida ruim e forte, dos remédios caros e agressivos que ela tomava para depressão. Falei que eu também já vi com olhos de desapego, já deixei amigos, bons amigos irem por conta disso, por achar que era realmente algo forte, que matava – puxa, como eu era inocente!

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