Carta do Ras Geraldinho – Visita na Prisão Também Sofre

do blog Memórias do Cárcere

‘Iperó, 24 de novembro de 2013

15 meses de arbitrariedade pudica do judiciário reativo paulista.

Que o verdadeiro amor fraternal universal se derrame das fontes da Justiça do meu Pai poderoso e inunde nossos corações!

“Inclina, ó Senhor, teu ouvido e escuta-me, porque estou aflito e necessitado. Guarda minha alma, porque sou poderoso, salva Tu, ó meu Jah, teu servo que em Ti confia. Tem misericórdia de mim, ó Senhor meu, porque a Ti clamo todos os dias. Alegra a alma do Teu servo.” (Salmos 86- 1~4)

Domingo pós-visita. O dia no cativeiro fica menos tenso. O carinho das visitantes (99% são mães ou companheiras) transborda em forma de doces, biscoitos e outras guloseimas.

Meu coração curte ainda os poderosos eflúvios de luz que meu anjo trouxe: meu único elo com a babilônia; meu guia protetor.

O processo que leva uma pessoa a aceitar ser a visita costumeira de um detento é a mais pura expressão de amor ao próximo, resignação e paciência.

O sofrimento do condenado é patente e não precisamos explorar aqui, mas o calvário destas santas senhoras é hediondo. A tortura institucional é cruel com elas, é humilhante, cansativo, desumano.

Mesmo assim essas guerreiras trazem um pouco de alento para as almas neste vale de sombras.