Capitalismo e Maconha: Riscos de um Mercado em Floração!

Num debate pós-legalização é preciso abrir os olhos com o que o capitalismo pode fazer com a erva. O viés financeiro já foi motivo para décadas de proibição e agora que a maconha está legalizada nos EUA o sistema capitalista consegue cortar a brisa dos maconheiros de outras formas, como por exemplo, através do uso de agrotóxicos, do surgimento de variedades transgênicas e até mesmo do lobby poderoso de políticos e empresas.

Legalizou, e aí? As empresas passam a poder fazer o que bem entenderem com suas produções? “Depois de tudo o que fizemos pela legalização, é frustrante ver o rumo que as coisas têm tomado”, disse, à BBC Brasil, Larisa Bolivar, a diretora executiva da Cannabis Consumers Coalition, uma organização de usuários da erva sediada no Colorado.

O biólogo Mowgly Holmes diz que a maconha está mesmo se transformando em uma commodity. E não é uma comoddity qualquer, mas sim uma das mais caras do mundo, por isso o alvoroço nos mercados globais de grande volume financeiro cada vez mais balançam a bandeira da legalização.

O problema disso é que, segundo a pesquisa de Holmes, metade dos produtos vendidos nos dispensários de Oregon já possuem a presença de produtos agrotóxicos. E aí, o que tá melhor? Fumar galho e semente do Paraguai ou agrotóxico do Tio Sam?

Holmes ainda avisa que o risco de se fumar agrotóxico é ainda mais perigoso do que se ingerir, pois o produto químico passaria diretamente para a corrente sanguínea sem a filtragem da digestão.

O biólogo também não pode reclamar, afinal de contas, a frente científica também ganhou um incremento com tantas novas formas de atuação sobre a planta. Não é a toa que ele se uniu ao filogeneticista Rob Desalle, do Museu Americano de História Natural, para fazer um sequenciamento do genoma de milhares de strains de cannabis.

O intuito seria proteger a enorme diversidade criada pelo contato da planta com pelo menos 10 mil anos de domesticagem feita pelo homem. Você sabia que gigantes como a Monsanto e a Bayer já trabalham com maconha? A segunda inclusive já produz e comercializa medicamentos à base de cannabis.

Outro medo é que um grande volume financeiro fique detido ao monopólio de somente algumas pequenas empresas, o que seria perigoso em diversos aspectos. Para Larissa, o futuro pode ser algo como “daqui a alguns anos teremos grandes marcas de maconha, como a Budweiser no caso das cervejas, competindo com variedades orgânicas vendidas por microprodutores em lojas ’boutique”, acredita.

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