A guerra às drogas matou mais 5 em Acari

Era manhã de segunda-feira, 4 de abril, na comunidade de Acari, Zona Norte do Rio de Janeiro. A polícia federal, em parceria com a polícia civil, realizou uma operação no local com objetivo de prender um homem de 51 anos condenado por tráfico de drogas. O sujeito não foi encontrado, mas o saldo da operação foi macabro. Cinco pessoas, que segundo a polícia seriam suspeitos, foram mortas durante a operação. 

Apesar do fracasso no objetivo principal desta operação – prender um homem procurado e ainda matar 5 pessoas sem relação com o caso – o delegado Fabrício de Oliveira declarou que a operação foi “bem sucedida”. 

Neste contexto, a excelente tese de doutorado (livro Indignos de Vida) do delegado Orlando Zaccone explica como a política de guerra às drogas estabeleceu a pena de morte no Brasil. Com o pretexto de combater o tráfico, as execuções nesse tipo de operação policial são legitimadas pelos chamados “autos de resistência”, que é o registro de quando o agente da lei precisa matar durante um conflito. 

O desrespeito do Estado continuou até depois das mortes. Alguns familiares esperaram por mais de 10 horas pela liberação dos corpos de seus entes. Neste período, nenhum representante do poder público procurou as famílias. 

Infelizmente pouco vai adiantar as famílias apresentarem documentos e testemunhos que apontam a inocência dos mortos. Provavelmente este será apenas mais um caso arquivado com uma decisão judicial inocentando os Tiras. 

Afinal, o caso não aconteceu em Copacabana ou no Morumbi. Quando o tiro da polícia mata alguém em Acari, no Complexo do Alemão ou qualquer outra comunidade pobre do Brasil o desfecho da história é quase sempre o mesmo.